quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Total de mortos na guerra em Gaza passa de 30 mil

Enquanto as negociações para uma trégua avançam lentamente, o total de mortos na guerra de Israel na Faixa de Gaza ultrapassou 30 mil, mais da metade mulheres e menores de idade.

A última proposta em discussão é de uma trégua de seis semanas em que 40 reféns israelenses, mulheres, menores, doentes e idosos seriam trocados por 400 prisioneiros palestinos. Na primeira trégua, no fim de novembro, 110 reféns foram trocados por 240 presos. Agora, os grupos terroristas exigiram 10 presos por refém. 

Israel pode vetar alguns nomes da lista apresentada pelos terroristas, mas deve se retirar de áreas de Gaza para permitir a volta da população. O problema é que a maioria das casas foi destruída ou danificada.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer uma trégua logo, se possível o início do fim da guerra. Biden venceu na terça-feira a eleição primária no estado de Michigan, que tem uma grande comunidade árabe

A Suprema Corte dos EUA decidiu examinar se o ex-presidente Donald Trump tem direito a imunidade por atos cometidos no exercício do cargo. É uma jogada de Trump para adiar julgamentos, se possível até depois da eleição de 5 de novembro.

A declaração do presidente Emmanuel Macron de que não se pode descartar o envio de tropas à Ucrânia "porque a Rússia não pode vencer" provocou forte reação do Kremlin, que declarou que isso iniciaria uma guerra com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Macron indicou que a Europa deve se preparar para a guerra e que o inimigo é o ditador russo, Vladimir Putin.

Hoje na História do Mundo: 29 de Fevereiro

CONSOLIDAÇÃO DA TCHECO-ESLOVÁQUIA

    Em 1920, a Assembleia Nacional aprova uma Constituição democrática consolidando a formação da Tcheco-Eslováquia e o povo festeja a independência nas ruas.

A parte da Europa hoje dividida pela República Tcheca e a Eslováquia é ocupada primeiro pelos celtas, depois pelos germânicos e mais tarde pelos eslavos. As três regiões que as formam, Boêmia, Morávia e Eslováquia, existem há mais de um milênio com diferentes graus de independência ao longo da história.

Desde 1526, checos e eslovacos passam a fazer parte do Império dos Habsburgo, que a partir de 1848 se torna o Império Austro-Húngaro, ambos herdeiros do Sacro Império Romano-Germânico fundado por Carlos Magno em 800.

Com a derrota e a dissolução do Império Austro-Húngaro no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), vários países da Europa Central conquistam a independência, entre eles a Polônia, a Hungria, a Iugoslávia e a Tcheco-Eslováquia.

Em 1938, com a aquiescência do Ocidente, que tenta apaziguar o ditador nazista Adolf Hitler, a Alemanha ocupa a região dos Sudestos e, em 14 de março de 1939, toma o resto da Tcheco-Eslováquia.

No fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Europa Oriental é ocupada pelo Exército Vermelho da União Soviética e o ditador Josef Stalin impõe o regime comunista. Em 1968, uma tentativa de humanização do comunismo, a Primavera de Praga, é esmagada por tropas do Pacto de Varsóvia, a aliança militar liderada pela URSS.

A liberdade vem em novembro de 1989 com a Revolução de Veludo, na onda de revoluções democráticas que acabam com o comunismo no Leste Europeu. Mas as duas metades da Tcheco-Eslováquia se desentendem na democracia e, em 1993, realizam o Divórcio de Veludo e se tornam independentes.

E O VENTO LEVOU

    Em 1940, a atriz Hattie McDaniel é a primeira negra a ser premiada com um Oscar pela Academia de Ciências e Artes do Cinema como melhor atriz coadjuvante pelo desempenho no filme E o Vento Levou.

Hattie nasce em Wichita, no estado do Kansas, em 10 de junho de 1895, e é criada em Denver, no Colorado. Desde menina, ele mostra talento para a música e a arte dramática. Ela deixa a escola aos 15 anos e começa a se apresentar pelos Estados Unidos.

Com a Grande Depressão, as oportunidades de trabalho como música e atriz escasseiam. Hattie vai trabalhar como atendente de banheiro no clube Sam Pick, em Milwaukee, em Wisconsin, que só contrata artistas brancos.

Alguns frequentadores sabem do talento de Hattie e convenceu o dono do clube a lhe dar uma oportunidade. Ela canta no clube durante um ano antes de ir para Los Angeles.

Dois anos depois de estrear no cinema, Hattie McDaniel consegue o primeiro papel importante, em 1934, em Juiz Priest, do diretor John Ford.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) pressiona Hollywood a reduzir os papéis com o estereótipo do negro serviçal. Ela consegue papéis no radioteatro. Ela sofre um ataque cardíaco em 1951, se recupera, mas morre de câncer de seio em 26 de outubro de 1952.

INDEPENDÊNCIA DA BÓSNIA

    Em 1992, começa a votação no plebiscito que aprova a independência da república iugoslava da Bósnia-Herzegovina. A independência é proclamada em 3 de março e provoca a reação imediata dos sérvios, que bombardeiam Sarajevo, iniciando uma guerra civil.

A Bósnia é dominada pelo Império Otomano do século 15 até 1878, quando passa a fazer parte do Império Austro-Húngaro. Está no centro da crise que deflagra a Primeira Guerra Mundial (1914-18). 

Em 28 de junho de 1914, o estudante radical sérvio Gavrilo Princip mata o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro. Quando a Áustria declara guerra à Sérvia, tem o apoio da Alemanha. A França, o Reino Unido e a Rússia apoiam a Sérvia.

Com o fim da guerra, a Bósnia é incorporada ao Reino da Iugoslávia, formado por sérvios, croatas e eslovenos, sem ter um status formal dentro do novo país.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Bósnia-Herzegovina passa a ser uma das seis repúblicas da Federação da Iugoslávia, sob a liderança de Josip Broz Tito, um croata, líder da guerrilheiro comunista da resistência antinazista.

A morte de Tito, em 1980, e o declínio do comunismo como ideologia no fim da Guerra Fria selam o destino da Iugoslávia. Em 1987, o líder comunista Slobodan Milosevic, faz um discurso na província do Kossovo ressuscitando o nacionalismo sérvio. As eleições de 1990 agravaram os conflitos nacionalistas sufocados sob o regime comunista. 

Em 1991, a Croácia e a Eslovênia declaram independência e a Sérvia, que domina o Exército Federal da Iugoslávia, não aceita e vai à guerra. A Bósnia era a república com maior diversidade étnica, com 44% de bósnios (muçulmanos), 31% sérvios (cristãos ortodoxos) e 15% croatas (católicos). Por isso, tem a guerra mais violenta.

Quando a guerra começa, os sérvios proclamam a independência da República Sérvia da Bósnia e cercam Sarajevo, a capital do país. O cerco dura 3 anos, 10 meses, 3 semanas e 3 dias. Vai de 5 de abril de 1992 a 29 de fevereiro de 1996. Nesse período, cerca de 12 mi pessoas são mortas e 50 mil feridas.

Mais de 100 mil pessoas morrem na Guerra da Bósnia. Vários líderes são processados no Tribunal de Crimes de Guerra da Antiga Iugoslávia, entre eles o presidente da República Sérvia, Radovan Karadzic, o comandante militar sérvio, general Ratko Mladic, e o patrono de ambos, o ditador iugoslavo Slobodan Milosevic. Karadzic e Mladic são condenados à prisão perpétua. Milosevic morre antes do julgamento.

Pelos Acordos de Dayton, de 1995, a Bósnia vira uma confederação entre a República Sérvia da Bósnia e a Federação da Bósnia e Herzegovina.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Hoje na História do Mundo: 28 de Fevereiro

JAPÃO INVADE JAVA

    Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Japão invade Java, a ilha que é o centro do poder político na Indonésia, e ocupa a então colônia holandesa até o fim da guerra.

O Japão é um país com escassez de recursos energéticos. Ocupa a região da Manchúria, no Norte da China, em 1931, para explorar as reservas de carvão para sua indústria. Em 1937, o Império do Japão invade o resto da China, não todo o país, o que seria impossível por causa do tamanho, mas as principais cidades próximas da costa.

Para cortar o fornecimento dos EUA à China de armamentos, combustível e outros materiais, o Japão invade, em 22 de setembro de 1940, a Indochina Francesa, que incluía o Vietnã, o Laos e o Camboja. Em resposta, os EUA impõe um embargo à venda de petróleo ao Japão.

Em plena guerra, o Japão precisa de petróleo. O ataque de surpresa à Frota do Pacífico dos EUA, baseada em Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, é a reação japonesa ao boicote à venda de petróleo e leva os EUA a entrar na guerra. O Japão precisa ainda de mais petróleo.

A Indonésia, grande produtora de petróleo, passa a ser um objetivo. Em março de 1942, os japoneses assumem o controle do país. 

Até o fim da guerra, ocupam todas as colônias europeias no Sudeste Asiático, até a Birmânia, mas não a Tailândia, que não era colônia, com extrema crueldade e ainda tem o desplante de afirmar que estão libertando os países asiáticos do colonialismo europeu. 

No fim da guerra, começa a luta desses países pela independência.

ESTRUTURA DO DNA

    Em 1953, os cientistas James Watson e Francis Crick, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, anunciam a descoberta da estrutura da molécula do ácido desoxirribonucleico (DNA), que compõe o código genético da humanidade, em forma de uma escada torcida como uma hélice dupla.

O DNA é descoberto em 1869 pelo bioquímico suíço Johann Friedrich Miescher, mas só em 1943 se entende sua importância na transmissão da herança genética. Através da difração, Watson e Crick revelam a estrutura molecular do DNA. Eles dividem o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1962 com Maurice Wilkins.


RENÚNCIA DO PAPA

    Em 2013, Bento XVI se torna o primeiro papa a renunciar desde Gregório XII, em 1415.
O cardeal Joseph Ratzinger representa a ala conservadora da Igreja Católica. Como prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, impôs o silêncio ao frei brasileiro Leonardo Boff e a outras vozes do setor mais progressista.

Como papa, é acusado de leniência diante dos escândalo de abusos sexuais cometidos dentro da Igreja. Com a saúde debilitada, Bento XVI decide renunciar e se torna papa emérito quando o Papa Francisco assume o comando do Vaticano.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Biden espera trégua em Gaza dentro de uma semana

Em tom exageradamente otimista, o presidente Joe Biden previu que uma trégua entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) comece dentro de uma semana para a troca de reféns israelenses por presos palestinos. As negociações estão realizadas agora no Catar. As duas partes reduziram as exigências.

Como parte de uma reforma da Autoridade Nacional Palestina para que assuma o governo da Faixa de Gaza depois da guerra, o governo palestino na Cisjordânia renunciou coletivamente.

No sábado, os israelenses fizeram o maior protesto contra o governo Benjamn Netanyahu desde o início da guerra, pedindo a libertação dos reféns, o fim da guerra e a realização de eleições para formar um novo governo.

Nos EUA, um soldado da Força Aérea se autoimolou diante da Embaixada de Israel em Washington num protesto contra a guerra.

Hoje na História do Mundo: 27 de Fevereiro

 TERÇA-FEIRA GORDA

    Em 1827, um grupo de estudantes fantasiados e mascarados dança e desfila pelas ruas de Nova Orleans, na Louisiana na primeira celebração da Mardi Gras (Terça-Feira Gorda) nos Estados Unidos.

O Carnaval, a festa da carne que antecede à Quaresma, é uma tradição pagã incorporada pelo cristianismo ocidental que se propagou de Roma para a Europa e o resto do mundo.

INCÊNDIO DO REICHSTAG

    Em 1933, os nazistas tocam fogo no Parlamento da Alemanha (Reichstag), acusam os comunistas e o chanceler (primeiro-ministro) Adolf Hitler pede poderes especiais. É o grande golpe da ascensão do nazismo.

O Partido Nacional-Socialista Trabalhista Alemão (Nazista) é o mais voado em duas eleições em 1932, no auge da Grande Depressão, quando o desemprego na Alemanha chega a 30%. Conquista 37% dos votos em 31 de julho e 33% em 6 de novembro.

Hitler é nomeado primeiro-ministro em 30 de janeiro de 1933. Quatro semanas depois, o Reichstag pega fogo. Os nazistas pressionam o presidente Paul Hindenberg, que baixa o Decrato do Incêndio do Reichstag, que suspende o direito de reunião, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e outras proteções constitucionais. Elimina todas as restrições a investigações policiais. Permite ao regime e encarcerar oposicionistas sem acusação formal. dissolver partidos políticos e confiscar propriedade privada.

Este decreto, que fica em vigor até a derrota da Alemanh Nazista, em 8 de maio de 1945, abre o caminho para a ditadura de Adolf Hitler, sacramentada no referendo de 19 de agosto de 1934, depois da morte do presidente Hindenburg, quando ele acumula os títulos e funções de chefe de Estado e chefe de governo e se torna o Führer. Sob intimidação, quase 90% votaram para dar poderes absolutos a Hitler.

ATOLEIRO DO VIETNÃ

    Em 1968, durante o telejornal em horário nobre, o jornalista Walter Cronkite, considerado "o homem mais confiável dos Estados Unidos", abandona o tom imparcial em que apresenta as notícias para prever que a Guerra do Vietnã deve se prolongar com um impasse no campo de batalha. Seu comentário de que é uma luta invencível é decisivo na virada da opinião pública norte-americana contra a guerra.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), com a descolonização da África e da Ásia por movimentos de libertação nacional, os EUA, superpotência dominante do mundo capitalista, herdam como zonas de influência econômica os antigos Impérios Britânico e Francês.

O Vietnã, declara independência quando o Império do Japão, que o ocupa durante a guerra, se rende, em 2 de setembro de 1945. A França, potência colonial da Indochina Francesa, resiste. Começa a Guerra da Indochina (1946-54), que termina com a derrota da França para os guerrilheiros comunistas do Viet Minh, sob a liderança de Ho Chi Minh, na Batalha de Dien Bien Phu, em 7 de maio de 1954.

Nas negociações de paz, em Genebra, na Suíça, o país é dividido em Vietnã do Norte, comunista, e Vietnã do Sul, capitalista, apoiado pelo Ocidente na Guerra Fria. Para reunificar o país, são previstas eleições em 1955. Diante da expectativa de vitória de Ho Chi Minh, os EUA suspendem as eleições.

Em 1º de novembro de 1955, começa a Guerra do Vietnã ou Guerra da Resistência Antiamericana, como é chamada lá. Os EUA inicialmente mandam assessores militares. No fim do governo John Kennedy (1961-63), há 2.800 assessores militares norte-americanos no Vietnã e alguns entram em combate.

O governo Lyndon Johnson forja o Incidente do Golfo de Tonkin para pôr os EUA na guerra. Em 2 de agosto de 1964, dois contratorpedeiros norte-americanos que estão no golfo enviam mensagem de rádio dizendo que foram atacados por forças do Vietnã do Norte. Johnson aproveita a história mentirosa para pedir autorização do Congresso para ir à guerra.

Os EUA não perderam a Guerra do Vietnã no campo de batalha. Perderam a batalha política na frente interna. A Ofensiva do Tet, no Ano Novo Lunar, a partir de 30 de janeiro de 1968, é um momento decisivo na guerra. É um ataque em três fases do Exército Popular do Vietnã do Norte e dos guerrilheiros do Vietcong contra as forças dos EUA e do Vietnã do Sul. Vai até 23 de setembro e revela a capacidade dos norte-vietnamitas e vietcongues de fazer ataques profundos no Vietnã do Sul.

Cronkite fala sob o impacto da Ofensiva do Tet.

FIM DA TEMPESTADE DO DESERTO

    Em 1991, o presidente George Herbert Walker Bush anuncia vitória na Guerra do Golfo e um cessar-fogo definitivo à meia noite pela hora de Washington, manhã do dia seguinte no Iraque e no Kuwait, onde a guerra é travada.


O ditador Saddam Hussein tem amplo apoio, dos Estados Unidos, da União Soviética e dos países árabes, na Guerra Irã-Iraque (1980-88) contra a Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, mas não consegue vencer e sai da guerra com graves prejuízos econômicos.

Saddam então chantageia a Arábia Saudita e o Kuwait, acusando-os de roubar petróleo de campos de petróleo em comum. Sem sucesso, em 2 de agosto de 1990, o Iraque invade o Kuwait. Saddam declara que o Kuwait é a 19ª província do Iraque.

Por medo de que o ditador iraquiano vá em frente e tome a Arábia Saudita, o que lhe daria 40% das reservas mundiais de petróleo, o presidente Bush manda soldados dos EUA para proteger a Arábia Saudita, na Operação Escudo no Deserto. Ao mesmo tempo, exige a retirada incondicional dos iraquianos e a restauração do governo do Kuwait.

Os EUA formar uma ampla aliança de mais de 30 países e nove resoluções no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A última autoriza o uso da força. É a primeira vez depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) que um país soberano invade outro e declara que o vizinho menor não tem o direito de existir.

Como Saddam não recua, os EUA vão à guerra em 17 de janeiro de 1991, na Operação Tempestade no Deserto. A guerra começa um intenso bombardeio aéreo, inclusive com as chamadas bombas inteligentes. São mais de 100 mil ataques com 88.500 toneladas de bombas.

 A invasão terrestre começa em 24 de fevereiro. Em 100 horas, 41 divisões do Exército do Iraque são aniquiladas e o resto se rende ou foge, tocando fogo nos campos de petróleo do kuwaitiano, usando uma arma ambiental na retirada. 

O comandante militar norte-americano, general Norman Schwarzkopf, quer marchar até Bagdá e depor Saddam Hussein, mas o presidente da França, François Mitterrand, é contra porque não está no mandato conferido pelo Conselho de Segurança da ONU. A guerra é para expulsar os iraquianos e restaurar o governo do Kuwait. Bush opta por não romper a coalizão e anuncia o fim da guerra.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Embaixador polonês na ONU aponta mentiras e hipocrisia da Rússia

Em debate no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o embaixador da Polônia, Krzysztof Szczerski, desmascara as mentiras e falsidades do embaixador da Rússia, Vassili Nebenzia.

O representa polonês refuta os argumentos da Rússia para invadir a Ucrânia e lembra que o país agressor está longe de ser invencível. Perdeu várias guerras ao longo da história.

Hoje, a Suécia, que era neutra desde 1814, durante as guerras napoleônicas, entrou para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que agora tem 32 países, para se proteger da Rússia. Antes, entrou a Finlândia. 

Se um dos objetivos da guerra da Putin era enfraqucer a OTAN, o resultado foi o contrário. Todos os países da orla do Mar Báltico, menos a Rússia, são membros da OTAN.

Outra notícia do dia é que o líder da oposição na Rússia, morto em 16 de fevereiro, estaria para ser libertado numa troca de prisioneiros por um assassino preso na Alemanha de interesse do ditador Vladimir Putin. Dois norte-americanos, um jornalista e um empresário, e Navalny entrariam na troca.

Hoje na História do Mundo: 26 de Fevereiro

NASCE VICTOR HUGO

    Em 1802, nasce em Besançon, na França, o poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e ativista pelos direitos humanos Victor Hugo, um dos maiores nomes da literatura francesa.

Victor é o terceiro filho do major Joseph-Léopold-Sigisbert Hugo, que seria general de Napoleão Bonaparte, e de mãe monarquista. A lealdade do pai a sucessivos governos franceses o leva a viajar pela Europa numa vida caótica.

Com a queda de Napoleão, em 1815, Victor Hugo fica alguns anos em Paris, onde se forma em direito. Antes de se formar, em 1816, decide ser escritor. Já tem cadernos com poemas, traduções, especialmente de Virgílio, uma peça.

A mãe o aconselha a criar uma revista, Conservateur Littéraire, onde Victor Hugo publica uma aclamada crítica ao poeta francês Alphonse de Lamartine. Em 1822, ele lança seu primeiro livro, Odes e Poesias Diversas.

Suas obras mais conhecidas são Notre-Dame de Paris (1831) e Os Miseráveis (1862). 

FUGA DE NAPOLEÃO

    Em 1815, o imperador Napoleão Bonaparte foge do exílio na Ilha de Elba, para onde vai em 1814 depois de ser forçado a abdicar, retoma o poder ao voltar para Paris e governa a França pelo período conhecido como os Cem Dias até ser derrotado definitivamente na Batalha de Waterloo, na Bélgica, em 18 de junho de 1815, por uma aliança de Reino Unido, Áustria, Prússia e Rússia sob o comando do Duque de Wellington e cai em 22 de junho.

Um dos maiores generais de todos os tempos, Napoleão Bonaparte chega ao posto com 24 anos porque a Revolução Francesa de 1789 acaba com a aristocracia e os generais do Exército da França precisavam ter quatro gerações de nobreza. 

Em 1798, ele faz a campanha do Egito. Nas palavras do escritor russo Leon Tolstoy, em Guerra e Paz, sobre a fracassada campanha da Rússia, "resolveu matar africanos e matou tantos que quando voltou foi nomeado chefe de governo".

Num golpe em 9 de novembro de 1799, Napoleão dá um golpe, torna-se primeiro cônsul da França e acaba na prática com a Revolução Francesa. Começa a era das guerras napoleônicas.

Depois da derrota do Grande Exército, de 600 mil homens, na campanha da Rússia, em 1812, Napoleão perde a Batalha de Leipzig em 19 de outubro 1813 para uma aliança de Áustria, Prússia, Rússia, Reino Unido e Suécia. Em 1814, os aliados invadem Paris. Napoleão é forçado a abdicar em 6 de abril e enviado para o exílio em Elba, onde chega em 4 de maio.

ATENTADO AO WORLD TRADE CENTER

    Em 1993, extremistas muçulmanos ligados à rede terrorista Al Caeda explodem um caminhão-bomba no estacionamento da Torre Norte do World Trade Center, em Nova York, matando seis pessoas e ferindo mais de mil.

Os terroristas usam como explosivo 606 quilos de nitrato de ureia. O plano é abalar os alicerces da Torre Norte para fazê-la cair sobre a Torre Sul derrubando as duas.

Quatro extremistas são condenados pelo atentado em março de 1994: Mahmud Abouhalima, Nidal Ayyad, Ahmed Ajaj e Muhammad Salameh. Em novembro de 1997, mais dois são condenados: Ramzi Yousef, considerado o idealizador do ataque, e Eyad Ismoil, o motorista do caminhão.

O dinheiro veio do tio de Yousef, Khaled Cheikh Mohammed, acusado de ser o mentor do ataque de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas do World Trade Center, o maior atentado terrorista da história, em que 2.977 pessoas morreram, 2.606 em Nova York.

VIDAS PRETAS IMPORTAM

    Em 2012, o adolescente negro desarmado Trayvon Martin, de 17 anos, é morto num condomínio em Sanford, na Flórida, pelo vigilante voluntário George Zimmerman, que alega legítima defesa e é absolvido.

A expressão "vidas pretas importam", que vira lema universal da luta contra o racismo e a violência policial, é usado pela primeira vez pela ativista Alicia Garza em 13 de julho de 2013 ao comentar a absolvição de Zimmerman.  

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Hoje na História do Mundo: 25 de Fevereiro

PAPA EXCOMUNDA ELIZABETH I

    Em 1570, o Papa Pio V excomunga a rainha Elizabeth I, da Inglaterra, e absolve seus súditos de qualquer juramento de lealdade que tenham feito a ela.

Elizabeth Tudor nasce em 7 de setembro de 1533 em Greenwich, na Inglaterra, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, sua segunda esposa. Para casar pela segunda vez, o rei rompe com a Igreja Católica e faz a Reforma Protestante na Inglaterra, criando a Igreja Anglicana. Assim, Elizabeth é protestante.

Quando Ana Bolena é acusada de adultério e executada na Torre de Londres, o casamento é anulado e Elizabeth vira filha bastarda do rei, mas a sexta e última esposa de Henrique VIII a acolhe de volta na corte.

Depois da morte de Henrique VIII, seu filho homem, Eduardo VI, reina por seis anos, e Maria I, que é católica, por cinco anos. Logo depois de ascender ao trono, Elizabeth I reinstaura o protestantismo na Inglaterra e reverte as medidas da meia-irmã para reimpor o catolicismo.

Em 1559, Elizabeth I baixa o Ato de Supremacia, que declara que a rainha é a chefe da Igreja da Inglaterra, e o Ato de Uniformidade, que estabelece as regras de liturgia da Igreja. Pastores e funcionários públicos são obrigados a jurar lealdade à rainha como chefe da Igreja.

Muitos nobres e aristocratas, e a maioria dos cidadãos comuns, mantêm lealdade à antiga fé, mas todos os cargos importantes no governo e na Igreja são ocupados por protestantes.

Como a Igreja Anglicana mantém os rituais da Igreja Católica, muitos protestantes, como por exemplo os calvinistas, consideram a Reforma na Inglaterra aquém do necessário e pressionam por mudanças mais profundas na hierarquia e nos tribunais religiosos.

Em 1569, o Exército de Elizabeth I esmaga uma revolta de nobres católicos no Norte da Inglaterra. Maria Stuart, rainha da Escócia, que desde 1568 está exilada na Inglaterra, mais presa do que convidada, é acusada de ligação com a revolta.

A prisão da rainha que católicos ingleses consideram a legítima herdeira do trono da Inglaterra aumenta a tensão religiosa e leva o papa a excomungar Elizabeth I. 

É uma era de conflitos religiosos na Europa pós-Reforma Protestante. Na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, os católicos franceses massacram os protestantes huguenotes. Só em Paris, são 3 mil mortos. Muitos protestantes franceses se refugiam na Inglaterra.

Os conflitos religiosos só terminam no continente em 1648, com o fim da Guerra dos Trinta Anos, e na Inglaterra em 1689, com a vitória da Revolução Gloriosa.

DENUNCIA DO STALINISMO

    Em 1956, no encerramento do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, o líder do partido, Nikita Kruschev, denuncia os crimes de Josef Stalin.

Numa sessão fechada do primeiro congresso do PC desde a morte do grande ditador soviético em 5 de março de 1953, cerca de 1.500 delegados ouvem o discurso O Culto da Personalidade e Suas Consequências.

Durante quatro horas, Kruschev acusa Stalin de "graves abusos de poder", de "prisões em massa e deportações de milhares e milhares de pessoas, de execuções sumárias, sem investigação nem julgamento", o que gerou "insegurança, medo e desespero". 

"Em toda uma série de casos", afirma Kruschev, Stalin "mostrou sua intolerância, sua brutalidade, seu abuso de poder. (...) Com frequência, escolheu o caminho da repressão e da aniquilação física não apenas contra verdadeiros inimigos, mas também contra pessoas que não haviam cometido nenhum crime contra o partido ou contra o governo soviético." 

Pessoas inocentes foram forçadas a confessar crimes "por causa de métodos físicos de pressão, tortura, reduzindo-os à inconsciência, privando-os de julgamentos, tirando-lhes a dignidade humana". 

Stalin "chamou pessoalmente o interrogador, deu-lhe instruções e disse-lhe quais métodos usar, métodos que eram simples – bater, bater e, mais uma vez, bater". 

Kruschev também ataca o desempenho "incompetente" de Stalin na guerra e a deportação "monstruosa" dos povos caucasianos. Stalin foi responsável pela ruína da agricultura e por promover seu próprio culto "nauseantemente falso" da personalidade. 

Stalin traiu as ideias e o legado de Lenin, proclama Kruschev. Sua condenação foi limitada. Enquanto 'trotskistas' e 'bukharinistas' oposicionistas a Stalin não mereciam "aniquilação física", eles eram "inimigos ideológicos e políticos". 

Em sua defesa, Kruschev alega que ele e outros colaboradores do Politburo de Stalin só estavam agindo agora porque "viam essas questões de forma diferente em momentos diferentes". Ele alegou que eles não sabiam o que Stalin fez em seu nome, e quando eles descobriram que era tarde demais. 

Kruschev também diz que Stalin tinha planos de acabar com seus camaradas do Politburo, para "destruí-los de modo a esconder os atos vergonhosos sobre os quais agora estamos relatando". Supostamente, os líderes e antigos aliados de Stalin, Viacheslav Molotov, Georgy Malenkov, Lazar Kaganovich e Kliment Voroshilov, ficam extasiados. 

O conteúdo do "discurso secreto" logo se espalha. Os delegados da Europa Oriental são autorizados a ouvi-lo na noite seguinte. Até 5 de março, cópias são enviadas a toda a União Soviética. Uma tradução oficial aparece dentro de um mês na Polônia, onde 12.000 cópias são impressas, uma das quais chega ao Ocidente. 

 Ao denunciar Stalin, Kruschev não procura mudar a sociedade soviética fundamentalmente, quer mais consolidar o poder, mas seu discurso tem efeitos amplos e de longo prazo. É um golpe arrasador para os regimes stalinistas em todos os lugares e um fator para desencadear uma revolta na Polônia e a Revolução Húngara de 1956. 

Décadas depois, Mikhail Gorbachev, o último líder da URSS, elogia Kruschev como "um homem moral apesar de tudo".

CASSIUS CLAY CAMPEÃO MUNDIAL

    Em 1964, aos 22 anos, com excelentes esquivas e jogo de pernas, saltitante, Cassius Marcellus Clay vence o campeão Sonny Liston, muito mais forte fisicamente, por nocaute técnico no sétimo assalto e toma o título mundial de boxe da categoria peso-pesado, no início de uma carreira brilhante em que se torna campeão mundial três vezes.

Liston se torna campeão ao nocautear duas vezes o campeão mundial anterior, Floyd Patterson, no primeiro assalto. É o favorito nas casas de apostas a 8 por 1. 

Falastrão, Clay promete ganhar a luta por nocaute no oitavo assalto "flutuando como uma borboleta e ferrando como uma abelha". No fim do sétimo assalto, Liston se queixa de uma dor no ombro. Com uma luxação na clavícula, Liston não volta mais e Clay é proclamado campeão.

Meses depois, ele abandona o nome de batismo porque os negros tinham o sobrenome das famílias que escravizavam seus avós. Muçulmano, passa a se chamar Muhammad Ali.

Ele nasce em Louisville, no estado do Kentucky, em 1942. Começa no boxe aos 12 anos. Ao 18 anos, completa 100 vitórias no boxe amador. Em 1960, ganha uma medalha de ouro na Olimpíada de Roma.

Por rejeitar a convocação para a Guerra do Vietnã, Ali perde o título em 1967. Ele alega objeção de consciência: "Por que me pedem para botar um uniforme e ir a 10 mil milhas de casa jogar bombas em pessoas morenas no Vietnã quando as pessoas chamadas de negros no Kentucky são tratados como cães e não têm os mínimos direitos humanos?"

Ali volta ao boxe em 1970. No ano seguinte, a Suprema Corte anula a condenação por se negar a servir o Exército em plena guerra. Em 8 de março de 1971, no Madison Square Garden, em Nova York, ele perde por pontos a Luta do Século em 15 assaltos contra Joe Frazier, nocauteado por George Foreman em dois assaltos em 22 de janeiro de 1973, em Kingston, na Jamaica.

Isto abre caminho para outra luta do século, Ali x Foreman, em Kinshasa, no Zaire (hoje República Democrática do Congo), em 30 de outubro de 1974. Depois de resistir à saraivada de golpes do adversário, Ali conquista o título mundial de boxe peso-pesado pela segunda vez.

Em 1978, Leon Spinks o vence e conquista o título, mas Ali ganha a revanche e se torna o único peso-pesado a ganhar o título três vezes. Em 1984, é diagnosticado com mal de Parkinson por causa dos golpes recebidos na cabeça quando era boxer. Ele acendeu a pira na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Viveu até 3 de junho de 2016.

QUEDA DE FERDINAND MARCOS

    Em 1986, sob pressão dos Estados Unidos, que durante décadas apoiou sua ditadura, o ditador Ferdinand Marcos foge das Filipinas para o Havaí e a oposicionista Corazón Aquino, derrotada em eleição fraudulenta, assume a Presidência.

Ferdinand Emmanuel Edralin Marcos nasce em Sarrat, nas Filipinas, em 11 de setembro de 1917, filho de Mariano Marcos, um advogado e congressista de Ilocos Norte executado por guerrilheiros em 1945 por ter colaborado com o Japão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Depois da guerra, as Filipinas se tornam independentes dos EUA.

Ferdinand estuda direito na Universidade das Filipinas. Em 1933, é acusado de matar um adversário político do pai. Condenado em novembro de 1939, é absolvido no ano seguinte pela Suprema Corte. É eleito deputado em 1949, para o Senado em 1959 e para a Presidência em 1965.

Em 1969, Marcos torna-se o primeiro presidente reeleito da história das Filipinas. Três anos depois, em 21 de setembro de 1972, invocando a ameaça comunista, decreta lei marcial e vira um ditador. Seu governo é marcado pela brutalidade, a corrupção e a extravagância.

Marcos vai de advogado e político a ditador e cleptocrata. Quando cai, descobre-se a coleção de 1.200 pares de sapato da primeira-dama, Imelda Marcos, que vira um símbolo da corrupção.

A lei marcial é ratificada num plebiscito fraudulento em 1973. Sob a censura, a violência e a repressão, dois grupos guerrilheiros lutam contra a ditadura de Ferdinand Marcos, um maoísta e outro muçulmano.

Depois de uma terceira reeleição em 1981, as Filipinas enfrentam uma crise econômica que atinge mercados emergentes depois da Crise da Dívida da América Latina, em 1982. Com a economia em colapso, Marcos comete um erro fatal.

Ao voltar ao país, o líder da oposição, Benigno Aquino, é assassinado no aeroporto de Manila. A oposição ressusrge com força nas eleições parlamentares de 1984 e a viúva de Benigno Aquino se apresenta como candidata para desafiar o ditador.

Diante da fraude, uma onda de protestos populares toma conta das ruas e derruba Marcos. Durante sua cleptocracia, a família roubou entre 5 a 10 bilhões de dólares do Banco Central das Filipinas. Seu filho, Ferdinand Marcos Jr., preside as Filipinas desde 30 de junho de 2022.

VITÓRIA DE VIOLETA CHAMORRO

    Em 1990, num resultado surpreendente, com 54% dos votos, a candidata da oposição, Violeta Chamorro, vence a eleição presidencial na Nicarágua, derrotando o presidente Daniel Ortega, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que derrubara a ditadura de Anastasio Somoza em 19 de julho de 1979.

Violeta Barrios de Chamorro é outra viúva que entra na política como herdeira do marido assassinado. Pedro Joaquín Chamorro era um jornalista de oposição, diretor do jornal La Prensa, visto como a melhor alternativa à dinastia de ditadores da família Somoza, que mandava na Nicarágua desde 1933. Seu assassinato, em 10 de janeiro de 1978, mata a última chance de uma transição negociada com a ditadura de Tachito Somoza.

Com o assassinato de Pedro Joaquín Chamorro, a luta armada ganha mais força e os EUA abandonam o ditador, que cai em 1979. A FSLN se instala no poder com uma junta de nove comandantes, entre eles dois Ortegas que tinham perdido um irmão considerado herói da revolução. Daniel Ortega se torna presidente e Humberto Ortega, ministro da Defesa.

Daniel Ortega vence a eleição de 1984, que a oposição boicota sob pressão do governo Ronald Reagan nos Estados Unidos, que financiam os rebeldes contrarrevolucionários e a campanha de Violeta Chamorro. Ela chega a fazer parte do governo revolucionário em 1979-80, mas se desilude com o esquerdismo da FSLN, assume a direção do jornal La Prensa e se torna a principal voz da oposição.

Sua vitória leva ao fim da guerra civil e o desarmamento dos contras, como eram conhecidos os rebeldes. No poder, Violeta Chamorro adota uma política econômica neoliberal, desvaloriza a córdoba em 400%, privatiza empresas, fecha a companhia estatal de trens e corta benefícios sociais. O desemprego chega a 24%. Também abriu mão de uma multa de US$ 17 bilhões que a Corte Internacional de Justiça impôs aos EUA por apoiar os contras e minar portos nicaraguenses.

Daniel Ortega volta ao poder em 2007, com o apoio do somozismo, do ex-presidente Arnoldo Alemán, preso por corrupção, para nunca mais sair. Nomeia juízes amigos para a Corte Suprema ignorou as restrições a reeleição e impõe uma ditadura, ao lado da mulher e vice-presidente Rosario Murillo, que prendeu todos os candidatos da oposição na eleição de 2021, expulsou mais de 200 oposicionistas e persegue até a Igreja Católica, a principal voz dissidente da Nicarágua hoje.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Invasão da Ucrânia pela Rússia mudou o mundo

 Na véspera do segundo aniversário da invasão da Ucrânia, que acontece hoje, o presidente Joe Biden impôs mais 500 sanções a Rússia por causa da guerra e da morte do líder da oposição, Alexei Navalny, em 16 de fevereiro numa prisão ao norte do Círculo Polar Ártico.

Em dois anos, a invasão russa mudou o mundo. Acabou com os dividendos da paz no mundo pós-Guerra Fria. Trouxe de volta o risco geopolítico ao cálculo econômico, uma escalada nos gastos militares e a ameaça de uma guerra nuclear entre superpotências.

A Rússia controla hoje 27% do território da Ucrânia, que fracassou na sua contraofensiva no ano passado e trava uma guerra defensiva enquanto a ajuda militar e econômica dos Estados Unidos e da Europa ameaça diminuir. 

A vantagem no momento é da Rússia, que conseguiu se defender das sanções econômicas e consegue financiar a guerra com a ajuda do comércio com grandes economias emergentes como China, Índia, Brasil e Indonésia.

Hoje na História do Mundo: 24 de Fevereiro

CÂMARA DENUNCIA PRESIDENTE

    Em 1868, por 126-47, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos decide abrir um processo de impeachment do presidente Andrew Johnson (1865-69), cuja leniência em relação ao Sul no período da Reconstrução irritam a ala radical do Partido Republicano.

Johnson é vice-presidente de Abraham Lincoln (1861-65), o presidente durante a Guerra da Secessão (1861-65), que vai à guerra contra os estados do Sul para manter a União e abolir a escravidão.

Depois da guerra civil, Johnson autoriza a rápida reintegração dos estados do Sul à União sem garantias de proteção aos escravos libertos. Durante seu governo, os EUA compram o Alasca da Rússia.

Com conflito entre o Legislativo e o Executivo, o Congresso aprovou a Lei de Posse do Cargo (1867), que limita a capacidade do presidente de nomear e demitir assessores. Quando Johnson demite o secretário da Guerra, Edwin Stanton, a Câmara vota o impeachment. Ele é salvo no Senado por um voto. Falta um voto no Senado para a maioria de dois terços necessárias para afastar o presidente dos EUA.

PRIMEIRA ELEIÇÃO DE PERÓN

    Em 1946, o vice-presidente e ministro da Guerra Juan Domingo Perón é eleito presidente da Argentina pela primeira vez, funda o peronismo e se torna o político dominante do país até os dias de hoje, muito além de sua morte.

O coronel Perón é nomeado secretário do Trabalho e da Seguridade Social de um governo militar em dezembro de 1943. Com o apoio do movimento sindical, cria a Justiça do Trabalho, escolas técnicas e um hospital e policlínica para ferroviários. Vira o herói dos descamisados.

Destituído e preso num golpe em 9 de outubro de 1945, sob pressão dos sindicatos e de sua segunda mulher, Maria Eva Duarte de Perón, a Evitavolta nos braços do povo. Em 17 de outubro daquele ano, o Dia da Lealdade para os peronistas, faz seu primeiro discurso triunfal na sacada da Casa Rosada.

Eleito com 52,4% dos votos, Perón nacionaliza os bancos e ferrovias, o Banco Central e algumas companhias de eletricidade. Dá vários benefícios aos trabalhadores: aumento do salário mínimo, 13º salário, folgas semanais, redução da jornada de trabalho, aposentadoria, férias remuneradas, seguro-saúde e cobertura para acidentes de trabalho. Entre 1945 e 1948, a economia argentina cresce a um ritmo recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais cresceram 46%.

Reeleito em 11 de novembro de 1951 com 63,5%, depois de uma campanha pelo voto feminino liderada por Evita, Perón governa até 16 de setembro de 1955, quando é deposto por um golpe militar e foge para o exílio. 

Perón volta à Argentina em 1973, é reeleito para um terceiro mandato e governa o país até morrer, em 1º de julho de 1974, deixando no poder sua terceira mulher, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita, que não tem o carisma de Evita e é deposta num golpe militar em 24 de março de 1976, início de uma ditadura cruel acusada de matar 30 mil argentinos.

INVASÃO DA UCRÂNIA

    Em 2022, oito anos depois de anexar ilegalmente a Crimeia, a Rússia do ditador Vladimir Putin invade a ex-república soviética da Ucrânia a pretexto de "desmilitarizar" e "desnazificar" o país como se representasse ameaça à Rússia.

Os EUA se oferecem para retirar do país o presidente Volodymyr Zelensky, acusado de ser nazista, apesar de ser judeu, mas ele pede dinheiro e armas para resistir. Um mês depois, a Rússia abandona a região de Kiev e concentra a ofensiva no Leste e no Sul da Ucrânia.

Contra todas as previsões, a Ucrânia resiste há dois anos, com o apoio dos EUA e da Europa. Não se sabe o número de mortos nesta guerra. Com a fadiga deste apoio e a maior capacidade russa de repor homens, armas e munições no campo de batalho, no momento, a Rússia está mais perto da vitória.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Plano de Netanyahu mantém controle total da segurança por Israel

 Depois de quatro meses e meio de guerra, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apresentou um plano para o futuro da Faixa de Gaza. A proposta mantém o controle de Israel sobre a segurança em todo o território histórico da Palestina, ou seja, de Israel, da Cisjordânia e de Gaza, com "liberdade de ação operacional" por um tempo ilimitado e uma administração civil palestina em Gaza sem a participação da Autoridade Nacional Palestina (ANP) nem do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

O plano fala em desmilitarização e desradicalização de Gaza. É feito sob medida para agradar aos extremistas de direita do governo israelense. Vai contra a proposta dos Estados Unidos e dos países árabes de criação de um país para o povo palestino.

A ANP declarou que "qualquer proposta que não crie um Estado palestino está destinada ao fracasso."

Uma delegação israelense voltou a Paris para retomar as negociações com os EUA, o Egito e o Catar para uma trégua com a libertação de todos os reféns. Se os reféns não forem soltos até o início do sagrado mês muçulmano do Ramadã, que neste ano começa em 10 de março, Israel ameaça realizar uma invasão terrestre de Rafá, onde há 1,1 milhão de palestino que fugiram da guerra em outras regiões de Gaza.

Os EUA mudaram de posição em relação às colônias israelenses na Cisjordânia ocupada. Agora, consideram "inconsistentes com o direito internacional". Há mais de 700 mil colônias israelenses na Cisjordânia. É um dos maiores obstáculos a um acordo de paz definitivo com a criação da Palestina independente.

Hoje na História do Mundo: 23 de Fevereiro

CERCO DO ÁLAMO

    Em 1836, durante a Guerra da Independência do Texas ou Revolução Texana, o Exército do México, com 1,8 a 6 mil soldados, sob o comando do general Antonio López de Santa Anna, cerca o forte do Álamo, que cai 13 dias depois e vira um símbolo de resistência heroica.

A edificação é a antiga capela da Missão Santo Antônio de Valero, fundada por frades franciscanos entre 1716 e 1718. No fim do século 18, a missão é abandona. A partir de 1801, a capela é usada por tropas espanholas. Nesta época, o lugar ganha o nome de El Álamo.

Quando começa a Revolução Texana, em dezembro de 1835, um grupo de voluntários, muitos recém-chegados aos Estados Unidos, expulsa as forças do México de Santo Antônio e ocupa o Álamo.

Alguns líderes texanos, entre eles Sam Houston, são a favor de abandonar as posições, impossíveis de defender com poucos soldados, mas os voluntários do Álamo decidem não recuar.

Quando o Exército mexicano chega, há entre 183 e 189 homens no Álamo. O comandante, coronel William Travis, manda uma carta pedindo ajuda. A resistência dura 13 dias. Em 6 de março, invadem por uma brecha na parede externa e subjugam as forças norte-americanas.

O general Santa Anna adota uma política de não prender os inimigos. Manda executar todos. Só 15 pessoas sobrevivem, quase todas mulheres e crianças.

Em 21 de abril de 1836, uma força de 900 homens sob o comando de Houston derrota o Exército de Santa Anna, de 1,2 a 1,3 mil soldados, na Batalha de São Jacinto, com o grito de guerra: "Lembrem do Álamo!"

Depois de 1845, quando os EUA anexam o Texas, o Álamo é usado pelo Exército dos EUA. O grito de guerra "Lembrem do Álamo!" é repetido pelos soldados na Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Ao todo, os EUA tomam mais de 40% do México, desgraçado ainda mais pela ditadura do general Santa Anna.

BANDEIRA EM IWO JIMA

    Em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), seis soldados norte-americanos cravam a bandeira dos Estados Unidos pela primeira vez em solo do Japão, no Monte Suribachi, na Ilha de Iwo Jima.

Iwo Jima é uma batalha épica e feroz que dura um mês e uma semana, até 26 de março, e termina com a morte de mais de 6 mil soldados norte-americanos e 18 mil japoneses.

A fotografia dos fuzileiros navais cravando a bandeira dos EUA no topo do Monte Suribachi é uma das imagens-símbolo da Segunda Guerra Mundial. É reencenada para fotos oficiais e há uma batalha sobre que etnias seriam representadas que desmascara o racismo nos EUA, que usaram negros e indígenas na guerra.

É o tema do filme A Conquista da Honra, de Clint Eastwood, com o lado norte-americano na Batalha de Iwo Jima, enquanto Cartas de Iwo Jima dá a versão japonesa através das cartas dos soldados.

PRIMEIRA VACINA CONTRA PÓLIO

    Em 1954, alunos da Escola Primária Arsenal, em Pittsburgh, na Pensilvânia, recebem as primeiras doses da vacina contra a poliomielite do Dr. Jonas Salk.

Logo, o Dr. Albert Sabin faria uma nova vacina, aplicada por via oral. Graças às vacinas, os casos foram reduzidos em 99%. Só no Afeganistão e no Paquistão havia incidência da doença, que causa paralisia infantil com sequelas para toda a vida. Mas a situação piora por causa dos movimentos antivacinas.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

EUA pedem a tribunal da ONU que não condene ocupação israelense

Em depoimento na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, os Estados Unidos pediram ao tribunal de Haia, na Holanda, que leve em conta as preocupações de segurança e não condene Israel pela ocupação de territórios palestinos. A decisão do tribunal sai em meses e não será de cumprimento obrigatório.

A maioria dos israelenses não acredita na "vitória total" contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) prometida pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Não espera a eliminação do grupo terrorista.

Uma escalada na guerra em Gaza pode elevar o número de mortos daqui a seis meses para 85, preveem epidemiologistas da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, e da London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Reino Unido.

A violência sexual no ataque terrorista de 7 de outubro a Israel foi sistemática e amplamente disseminada. Não foram atos isolados ou casos esporádicos, foi parte da estratégia da operação, concluiu um relatório de entidades israelenses que lutam contra a violência contra as mulheres.

Em sua primeira visita ao Brasil, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, discordou da comparação do presidente Lula entre a guerra na Faixa de Gaza e o Holocausto e disse que os EUA não veem um genocídio em Gaza.

Ao abrir a reunião de ministros das relações exteriores do Grupo dos 20, no Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, criticou o uso da força e de sanções unilaterais para resolver conflitos internacionais e a "paralisia inaceitável" do Conselho de Segurança da ONU.

Hoje na História do Mundo: 22 de Fevereiro

ROSA BRANCA

    Em 1943, três jovens estudantes intelectuais, idealistas e pacifistas, Hans e Sophie Scholl e Christoph Probster, que tentam fazer uma resistência não violenta contra o nazismo na Alemanha são executados em Munique.

Três membros do grupo Rosa Branca, Hans Scholl, Alexander Schmorell e Wili Graf, estudantes de medicina na Universidade de Munique testemunham massacres de judeus pela SS, a força paramilitar do Partido Nazista.

De volta a Munique, formam o grupo Rosa Branca, que inicia suas atividades em 17 de junho de 1942. Com grande conhecimento de literatura, eles publicam panfletos citando grandes escritores alemães como Friedrich Schiler e Johann Wolfgang von Goethe.

Presos pela Gestapo, a polícia política do regime nazista, em 18 de fevereiro de 1943, eles são submetidos a um processo forjado em que não têm direito a falar e guilhotinados quatro dias depois.

CONTENÇÃO DA URSS

    Em 1946, o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Moscou, George Kennan, envia um longo telegrama de 8 mil palavras ao Departamento de Estado com sua análise sobre a União Soviética, um dos documentos mais importantes da Guerra Fria, propondo a contenção do regime comunista até ele entrar em colapso.

O memorando observa que a URSS não acredita numa "coexistência pacífica permanente" com o Ocidente por causa da "visão neurótica das questões globais" resultante do "senso de insegurança instintivo da Rússia".

Por isso, acrescenta Kennan, os soviéticos suspeitam de todas as outras nações e entendem que sua segurança exige "uma luta paciente, mas mortal, até a destruição total da potência rival".

Assim, como a URSS é "refratária à lógica da razão", mas "altamente sensível à lógica da força", os EUA devem adotar uma política de "resistência forte" para conter a expansão soviética. Esta seria a base da política externa norte-americana durante a Guerra Fria.

IMPEACHMENT DE YANUKOVICH

    Em 2014, o Parlamento da Ucrânia abre um processo de impeachment do presidente Viktor Yanukovich, sob a pressão de uma revolta popular, a Revolução da Praça Maidã ou Revolução da Dignidade, que começa quando o presidente suspende negociações de associação com a União Europeia (UE).

Yanukovich nasce em 9 de julho de 1950 em Yenakiyeve, na Ucrânia, então parte da União Soviética. Ele estuda engenharia mecânica no Instituto Politécnico de Donetsk e entra para o Partido Comunista.

Com o fim da URSS, Yanukovich é eleito governador da província de Donetsk em 1997. Em 2002, o presidente Leonid Kuchma o nomeia primeiro-ministro. 

Yanukovich é o candidato do governo ucraniano e do Kremlin à sucessão, em 2004. Mas seu adversário, Viktor Yuchenko, é envenenado com dioxina e seu rosto se transfigura diante do público. Uma onda de protestos toma as ruas na chamada Revolução Laranja e impede a eleição fraudulenta de Yanokuvich. Um terceiro turno, realizado em 26 de dezembro, dá ampla vitória a Yuchenko.

Na segunda tentativa, em 2010, Yanukovich é eleito com uma proposta de modernização da economia que incluía negociações com a UE. Seu governo é marcado por um retrocesso democrático, com a prisão da ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, sua adversária na eleição presidencial de 2010, aumento da censura, corrupção e tráfego de influência.

A suspensão das negociações com a UE provoca protestos populares que se transformam em revolta diante da violenta repressão policial, com mais de 100 mortes.

A queda de Yanukovich, em 22 de fevereiro, marca o início da Guerra Russo-Ucraniana. Imediatamente, o ditador Vladimir Putin manda as forças russas tomar a Península da Crimeia, onde tinham mais de 80% dos soldados da antiga Frota do Mar Negro da URSS, que era compartilhada.

Depois de um plebiscito forjado, a Rússia anexa a Crimeia em 17 de março de 2014. A partir de 6 de abril começa uma revolta insuflada pelo Kremlin nas províncias de Donetsk e Lugansk, cuja independência Putin reconhece dois dias antes de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.