O ditador Bachar Assad convocou hoje um referendo sobre uma reforma constitucional para 26 de fevereiro de 2012, com a promessa de democratizar a Síria depois de 11 meses de revolta popular em que mais de 6 mil pessoas foram mortas.
A oposição desconsiderou a proposta, alegando não acreditar em nenhum medida conciliatória enquanto o governo continuar atacando os rebeldes, que inicialmente pediam pacificamente a liberalização do regime.
No 13º dia de bombardeio à cidade de Homs, a Força Aérea síria atacou um oleoduto, causando um grande incêndio.
O Brasil mantém sua atitude omissa, como mostra o discurso da embaixadora brasileira na reunião de ontem da Assembleia Geral, quando a alta comissária para direitos humanos Navi Pillay denunciou a violência sistemática e irrestrita do regime contra a oposição. As observações entre colchetes são minhas:
"A solução para o conflito sírio requer um processo político, conduzido pelos próprios sírios [pela ditadura de Bachar Assad?]. O Governo deve fazer mais e agir mais depressa para estabelecer as condições necessárias para o início as negociações. A repressão política deve cessar de imediato [Assad ignora todos os apelos]. As reformas devem permitir mudanças reais e tempestivas, capazes de promover uma governança mais democrática [com o ditador ou seu vice no poder?]. A oposição deve contribuir por meio de um engajamento construtivo, assim que condições apropriadas sejam estabelecidas [era tudo o que a oposição queria em 15 de março de 2011]. O futuro da Síria está obviamente na mão dos sírios [não está, eles estão à mercê da ditadura que os massacra cotidianamente], mas a comunidade internacional pode e deve ajudar.
"A ONU deve mandar uma mensagem clara e uníssona de condenação às violações de direitos humanos [China e Rússia vetaram a condenação no Conselho de Segurança], ao mesmo tempo em que apoia os esforços da Liga Árabe e a situação central do processo político liderado pelos sírios. As nossas ações coletivas e individuais devem ser guiadas pela necessidade de por fim à violência, promover a estabilidade e ajudar as partes a encontrar uma saída para o atual impasse político. Nessa conjuntura, a comunidade internacional não deve poupar esforços diplomáticos e precisa buscar uma plataforma de consenso. O Brasil está pronto para dar a sua contribuição." [Qual, depois de apoiar Assad até agora?]
"O engajamento da Liga Árabe continuará sendo decisivo. Apoiamos firmemente um maior envolvimento das Nações Unidas, em cooperação com a Liga Árabe. Compartilhamos os mesmos objetivos.
"Este momento exige uma verdadeira cooperação entre nós e uma firme determinação, sobretudo para evitar ainda maior derramamento de sangue. Devemos isso ao povo sírio e aos seus vizinhos."
O conflito completa hoje 11 meses, com mais de 6 mil mortes.
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