Uma equipe de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas, está deixando o Irã sem ter visitado a central nuclear de Parchin, onde queria investigar uma suspeita de que o regime fundamentalista iraniano tentou desenvolver lá no passado ogivas para transportar bombas atômicas.
A missão extraordinária chegou a Teerã no domingo, a convite da república islâmica, mas não conseguiu entrar em Parchin. Também não houve acordo para estabelecer um cronograma de inspeções capaz de esclarecer as dúvidas que pairam sobre o programa nuclear do Irã.
"Esforços intensos foram feitos para se chegar a um acordo sobre um documento para facilitar o esclarecimento de questões não resolvidas em relação ao programa nuclear do Irã, especialmente aquelas relativas a possíveis dimensões militares", declarou a AIEA ontem em nota. "Infelizmente, não houve acordo."
O resultado final da missão foi considerado "decepcionante" pelo diretor-geral da agência da ONU. Yukio Amano, citado pelo jornal americano The Washington Post.
Israel ameaça bombardear as instalações nucleares do Irã. Há duas semanas, o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, advertiu que o tempo está se esgotando porque a república dos aiatolás estaria construindo instalações subterrâneas inatingíveis pelas armas do arsenal israelense.
Os Estados Unidos e o Reino Unido fizeram um apelo para Israel não atacar.
Neste ano eleitoral nos EUA, o presidente Barack Obama tenta conter o governo israelense para não prejudicar sua reeleição. Além do risco de uma conflagração geral no Oriente Médio, um ataque ou uma guerra no Irã elevaria os preços do barril de petróleo a US$ 150, golpeando a recuperação mundial.
Mas, como a surpresa é um dos elementos fundamentais num ataque armado, esta bateção de tambores da guerra talvez seja apenas para aumentar a pressão e forçar a ditadura dos aiatolás e da Guarda Republicana Iraniana a abrir suas instalações nucleares e negociar.
Sob intensa pressão política, econômica, diplomática e militar, o Irã manifestou a intenção de negociar na semana passada, mas Israel insiste que é uma manobra para ganhar tempo e tornar o programa nuclear iraniano irreversível.
A questão nuclear iraniana é o maior desafio de segurança de 2012.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário