Sob pressão da Comissão Europeia para equilibrar suas contas públicas, a Itália está sendo obrigada a revisar as isenções de impostos sobre a propriedade concedidas ao Vaticano.
A Santa Sé terá de pagar pelo menos 600 milhões de euros por ano, cerca de R$ 1,355 bilhão pela cotação de hoje da moeda europeia. O total pode chegar a 2,2 bilhões de euros, quase R$ 5 bilhões, dependendo do cálculo do valor das 100 mil propriedades.
Depois de décadas de escândalos financeiros e sexuais, a Igreja Católica Apostólica Romana perdeu sua aura de santidade, aliás manchada há muito mais tempo pela Inquisição, as Cruzadas, a caça às bruxas, a perseguição aos judeus e outras minorias, e o silêncio diante do nazifascismo. Agora, perde também privilégios.
O primeiro-ministro Mario Monti mandou carta ao comissário europeu para livre concorrêcia e antimonopólio, o espanhol Joaquín Almunia, informando que o Vaticano vai voltar a pagar impostos. Almunia havia declarado em 2010 que as isenções violam a legislação europeia sobre ajuda estatal.
Em agosto de 2011, o Partido Radical Italiano apresentou um projeto de lei ao Congresso para acabar com esse privilégio fiscal. A proposta foi fortalecida por uma petição popular difundida pela rede social Facebook.
"É uma vitória da pressão popular", festeja o líder radical, Mario Staderini. "Conseguimos quebrar um pouquinho a muralha que protege a Igreja."
O Vaticano não paga impostos sobre cerca de 100 mil propriedades consideradas não lucrativas. São 8.779 escolas, 4,714 clínicas e hospitais, e 26,3 mil igrejas, capelas, conventos, mosteiros e santuários.
Como disse Jesus Cristo, recusando-se a liderar uma revolta contra o Império Romano, "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
A esperança do monsenhor Domenico Pompili, porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos da Itália, é que seja levado em conta o "valor social" das propriedades, noticia o jornal inglês The Independent.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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7 comentários:
Acho que isso deveria ser levado mais a serio pois todos os profissionais tem que pagar impostos e porque padre não paga imposto todos seram iguais, assim sacerdotes seriam iguais todos. espero que a Europa de um bom exemplo pois o Estados Unidos já deu exemplo colocando padres pedófilo na cadeia e pagando indenizações e la a Igreja Católica esta falida, grande noticia abraço.
Não compreendi a matéria. Quer dizer que o estado do Vaticano terá que pagar imposto a Itália? Isso é uma afronta. O que diriam se o Brasil fosse obrigado a pagar impostos ao U.S.A ou a Argentina, que absurdo! O Vaticano é um estado independente.
O Vaticano fica dentro de Roma, em área cedida pela Itália. É preciso examinar o tratado que lhe deu independência.
O tratado é de 1929, portanto anterior à Segunda Guerra Mundial.
Cobrará imposto sobre propriedades da Igreja em território italiano, que eram isentas.
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