terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Futuro líder da China chega aos EUA

O vice-presidente Xi Jinping, que deve ser escolhido líder do Partido Comunista no fim deste ano e assumir a Presidência da China no início de 2013, chegou hoje a Washington para uma visita de cinco dias aos Estados Unidos. Além da capital, ele vai aos estados de Iowa, onde morou, e da Califórnia.

Nos próximos dias, os americanos vão tentar decifrar o futuro dirigente máximo do país que mais cresce no mundo, a segunda maior economia do mundo rumo ao topo dentro de 10 a 20 anos.

Há uma desconfiança estratégica entre as duas grandes potências mundiais deste início de século 21, atritos comerciais e um temor da China quanto aos planos de expansão da presença militar dos EUA no Leste da Ásia,

Filho de Xi Zhongxun, um alto funcionário que caiu em desgraça e foi expurgado durante a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), Xi foi criado numa zona rural pobre do interior do Norte da China para onde seu pai foi enviado para "reeducação".

Durante sete anos, Xi Jinping viveu como um camponês, comendo pão de milho e dormindo em camas infestada por insetos. Esse sofrimento o fez sentir a dureza da vida dos pobres. Espera-se que ele tenha sensibilidade com os deserdados pelo milagre chinês e a crescente concentração da renda.

Reabilitado, o pai tornou-se um dos defensores das reformas dentro do PC chinês e teria discordado da violenta repressão ao movimento estudantil por liberdade e democracia massacrado na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em 4 de junho de 1989.

O futuro líder surge num momento de riqueza e poder sem precedentes da China. Mesmo assim, seu governo ditatorial vive sob medo permanente de uma revolta popular, persegue oposicionistas, minorias étnicas e religiosas, artistas e intelectuais.

Numa economia de US$ 6 trilhões por ano, as grandes oportunidades ficam com quem tem boas conexões com o partido, que tem mais membros hoje do que na era de Mao Tsé-tung. A corrupção é endêmica, e a má distribuição da riqueza aumenta a distância entre ricos e pobres.

O atual presidente, Hu Jintao, é acusado de ter recuado para políticas maoístas como a formação de grandes conglomerados estatais e o fortalecimento dos órgãos de segurança para aumentar a repressão aos dissidentes. Várias tentativas de iniciar manifestações de protesto no estilo da Primavera Árabe foram duramente reprimidas. Havia mais policiais e agentes do que manifestantes.

Xi vai herdar uma China com crescimento em queda, há o risco de explosão de uma bolha no mercado imobiliário, e o sistema financeiro mal regulamentado aloca dinheiro com base em conveniências políticas.

Aumentam os protestos contra a corrupção e a destruição da natureza.

Como seu pai foi perseguido por causa de um livro, em artigo no jornal The New York Times, seu biógrafo Ho Pin diz esperar que Xi entenda a importância da liberdade de expressão. Mas, numa das poucas gravações da televisão ocidental em que se expressa livremente, o vice-presidente chinês alega que a China não exporta miséria nem revolução e que outros países deveriam parar de dar palpite nos problemas internos chineses.

A mídia conservadora americana está ironizando o fato do presidente Barack Obama receber Xi Jinping na Casa Branca no Dia dos Namorados, que os EUA comemoram hoje, Dia de São Valentim.

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