No décimo aniversário de sua primeira vitória eleitoral, que acabou com 18 anos consecutivos de governos conservadores, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, apoiou o ministro das Finanças, Gordon Brown, como seu sucessor na liderança do Partido Trabalhista e do governo, prometendo anunciar na próxima semana a data de sua saída.
"Dentro de algumas semanas, não serei mais primeiro-ministro deste país", declarou Blair numa reunião do partido na Escócia. "Com certeza, um escocês será primeiro-ministro. É alguém que construiu uma das economias mais fortes do mundo e que eu sempre disse que seria um grande primeiro-ministro".
Blair é o primeiro-ministro que ficou mais tempo no poder em mais de um século, sendo superado apenas pela ex-primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, que governou o Reino Unido de maio de 1979 até novembro de 1990. Mas seu apoio incondicional ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 custou caro.
O eleitorado britânico, e especialmente a ala esquerdista do trabalhismo, nunca aceitou a participação do país na invasão do Iraque. Nas últimas eleições parlamentares, em 2005, Blair obteve sua terceira vitória consecutiva, algo inédito para um líder trabalhista. Mas sua maioria na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico caiu de 179 para 66 cadeiras.
Hoje os conservadores lideram as pesquisas de opinião.
Blair deixa um legado misto.
A economia britânica atravessa seus mais longo período de crescimento contínuo na História recente, desde 1992, só que isso se deve mais a Brown.
Houve uma melhora inegável nos serviços públicos, principal razão da vitória trabalhista, mas a distribuição da riqueza não melhorou. No domingo, o jornal The Sunday Times revelou que a renda dos mil britânicos mais ricos triplicou em dez anos de blairismo.
Ao mesmo tempo, Blair conseguiu negociar a paz na Irlanda do Norte mas queimou-se com a invasão do Iraque.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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