Os Estados Unidos tentaram matar o aiatolá rebelde Muktada al-Sader, considerado o mais mais poderoso do Iraque pela revista americana Foreign Policy, atraindo-o para negociações numa casa que depois foi atacada na cidade sagrada de Najaf, revela hoje o jornal inglês The Independent.
Se a conspiração tivesse tido sucesso, a morte de Al Sader provavelmente provocaria uma sublevação xiita. Sua revelação tornou-o num dos maiores inimigos da ocupação americana: "Acredito que aquele incidente fez Muktada perder totalmente a confiança na coalizão liderada pelos EUA e o tornou realmente selvagem", admite o assessor de Segurança Nacional do Iraque, Mowaffaq Rubaie.
A tentativa de assassinato aconteceu há dois anos e meio, em agosto de 2004, quando Muktada e seu Exército Mehdi, uma milícia que contaria hoje com dezenas de milhares de homens, estavam cercados por fuzileiros navais americanos em Najaf.
Rubaie agiu como mediador, passando todas as informações ao comando militar americano e ao governo iraquiano. Elas foram usadas para atrair o líder xiita para um lugar onde pudesse ser morto ou preso. Muktada escapou na última hora. Salvo por uma articulação do grão-aiatolá Ali al Sistani, tornou-se um líder político e chefe de milícia com 32 deputados leais na Assembléia Nacional do Iraque. Mas desapareceu desde que o presidente George W. Bush lançou sua nova estratégia para conter a violência em Bagdá, o que exige atacar milícias como o Exército Mehdi.
Muktada, de 33 anos, foi o nome que os algozes de Saddam Hussein gritaram para fustigá-lo na hora de sua morte. Ele é filho de Mohammed Sadek al-Sader, assassinado pela ditadura de Saddam em 1999. Com um discurso radical, nacionalista, fundamentalista e antiamericano, Muktada é o líder da Cidade de Sader, um bairro pobre xiita da periferia de Bagdá com cerca de 2 milhões de habitantes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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