A campanha para as eleições parlamentares de 26 de junho de 2016 começou ontem na Espanha com uma pesquisa indicando uma queda do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) para terceiro lugar, depois do conservador Partido Popular (PP) e da aliança Unidos Podemos, a grande novidade destas eleições, formada pelo novo partido esquerdista Podemos e da coalizão Esquerda Unida, que inclui o Partido Comunista.
Pela pesquisa do Centro de Investigações Sociólogicas (CIS), o PP lidera com 29,2%, seguido pela coalizão Unidos Podemos com 25,6%, 21,2% para o PSOE e 14,6% para o novo partido de centro-direita Cidadãos.
A erosão do apoio aos partidos tradicionais que governaram a Espanha desde 1982, o PP e o PSOE, é consequência da crise econômica que elevou o desemprego acima de 25% para os trabalhadores em geral e acima de 55% entre os jovens.
Com a ascensão dos novos partidos, Podemos e Cidadãos, nas eleições de 20 de dezembro, nenhum partido conseguiu articular uma maioria para formar um novo governo. O líder do PSOE, Pedro Sánchez, que ficou em segundo lugar, rejeitou a proposta de uma grande aliança com o PP do primeiro-ministro Mariano Rajoy e tentou formar governo com os novos partidos. Mas Pablo Iglesias, do Podemos, repudiou uma coligação com os Cidadãos.
No momento, há um declínio da social-democracia e dos partidos de centro-esquerda na União Europeia. Em Portugal, o Partido Socialista está no poder em coligação com grupos mais à esquerda. Na França, o PS corre sério risco de ficar de fora do segundo turno da eleição presidencial de 2017.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista foi mais para a esquerda sob a liderança de Jeremy Corbin e tem participação irrelevante no debate sobre o referendo de 23 de junho sobre a permanência do país na União Europeia. Na Alemanha e na Áustria, os sociais-democratas deixaram de ser uma opção de poder.
Como observou o jornal conservador espanhol El Mundo, "o mapa político da esquerda foi reconfigurado" pela emergência de "movimentos de protesto, indignação e revolta". Os partidos tradicionais de esquerda não têm resposta ao surgimento de movimentos como Podemos.
Na opinião do colunista Wolfgang Münchau, do jornal britânico Financial Times, os partidos de centro-esquerda passaram as últimas décadas absorvendo políticas de direita, da liberalização comercial à desregulamentação e à independência dos bancos centrais. Tornaram-se "indistinguíveis" dos partidos de centro-direta. Com a Grande Recessão iniciada em 2008, os eleitores buscaram alternativas à esquerda.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Socialistas caem para terceiro lugar em pesquisa na Espanha
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