Se os partidários da saída da União Europeia vencerem o referendo da próxima quinta-feira, 23 de junho, o Reino Unido vai entrar em recessão e seu produto interno bruto em 2020 será 6% menor do que é hoje, previu na semana passada um relatório da Economist Intelligence Unit.
O impacto geral na economia será profundamente negativo, afastando o país do maior mercado do mundo, o que ajuda a atrair investimentos estrangeiros dos Estados Unidos, do Japão e da China. Entre outras consequências, o relatório Fora e Menor: mapeando o impacto do Brexit (do inglês, Britain exit, saída da Grã-Bretanha):
• A incerteza vai abalar a confiança de investidores e consumidores, levando a uma desvalorização da libra esterlina de cerca de 15%.
• O adiamento das decisões de investimento e consumo vai pesar no PIB do próximo ano.
• A saída do maior mercado do mundo vai exacerbar o declínio e o PIB de 2020 será 6% menor do que o atual.
• As exportações farmacêuticas e o acesso a medicamentos e a verbas de pesquisa serão reduzidos.
• Qualquer queda no PIB vai afetar o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (NHS), que garante atendimento médico gratuito a todos os cidadãos britânicos.
• Vai haver uma fuga de cérebros do centro financeiro de Londres, com a volta dos profissionais do resto da Europa a seus países de origem.
Na última pesquisa das pesquisas, uma média de seis sondagens realizadas de 10 a 18 de junho, há um empate em 50%.
A saída do Reino Unido seria um duro golpe no processo de integração europeia, iniciado em 1950 pela França e a Alemanha para evitar que a guerra voltasse a dividir o continente. A UE é uma organização supranacional formada por países que decidiram resolver seus conflitos pacificamente e cooperar para a prosperidade econômica, um grande avanço e modelo nas relações internacionais.
Com a recessão econômica, o desemprego, o terrorismo e a crise dos refugiados, a UE é um boa desculpa para governos nacionais terceirizarem suas responsabilidades e movimentos ultranacionalistas oportunistas de extrema direita que ignoram as duas guerras mundiais do século passado.
O desmanche do projeto europeu só interessa a personagens como Donald Trump e Vladimir Putin. Os conservadores ingleses que lideram a campanha sonham com o passado de glória do Império Britânico, o maior que o mundo já viu. Correm o risco de ficar com a pequena Inglaterra. Se o Reino Unido deixar a UE, a Escócia deve convocar novo plebiscito sobre a independência para sair da Grã-Bretanha e ficar na Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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