O presidente Beji Caïd Essebsi prorrogou por mais um mês a partir de hoje o estado de emergência em vigor na Tunísia desde novembro de 2015, informou a Agência France Presse (AFP).
A medida de exceção está em vigor desde que um terrorista suicida se detonou ao lado de um ônibus que transportava membros da guarda presidencial no centro de Túnis, matando 13 pessoas e ferindo outras 16 em 24 de novembro de 2015. O grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado.
No ano passado, houve outras duas ações terroristas ainda piores na Tunísia. Em 18 de março, três jihadistas atacaram o Museu Nacional do Bardo, uma das principais atrações turísticas da capital, matando 22 pessoas e ferindo outras 50. O governo responsabilizou a rede terrorista Al Caeda no Magrebe Islâmico.
O pior ataque foi na cidade de Sousse. Em 26 de junho, um atirador ligado ao grupo Ansar al-Charia matou 38 pessoas e feriu outras 39 em dois hotéis de luxo frequentados por turistas europeus numa praia do Mar Mediterrâneo.
A Tunísia foi o berço da onda de revoltas populares da chamada Primavera Árabe. Tudo começou quando o jovem universitário desempregado Mohamed Bouazizi se imolou em protestos por ter sua mercadoria de vendedor ambulante confiscada por um fiscal corrupto, em 17 de dezembro de 2010.
Sua morte, em 4 de janeiro de 2011, atiçou a revolta popular. Em 14 de janeiro, caiu o ditador Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos. O ditador do Egito, Hosni Mubarak, renunciou em 11 de fevereiro, enquanto o homem-forte da vizinha Líbia, Muamar Kadafi, resistiu numa guerra civil que levou a uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Kadafi caiu em agosto de 2011, mas até hoje a situação da Líbia não se normalizou. Esta instabilidade e o tráfico de armas levaram à proliferação de milícias extremistas muçulmanas na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara.
Se a Tunísia foi o único país onde a Primavera Árabe levou à democracia, ao mesmo tempo a liberdade em meio à crise econômica e política gerou uma grande frustração, especialmente entre os jovens que fizeram a revolução. É o país que mais forneceu voluntários para a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Outros 15 mil foram barrados a caminho dos campos de batalha do Oriente Médio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 21 de junho de 2016
Tunísia prorroga estado de emergência por mais um mês
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