Com uma campanha anticorrupção, a advogada Virginia Raggi, de 37 anos, foi eleita neste domingo pelo Movimento 5 Estrelas para ser a primeira mulher a governar Roma por ampla vantagem, no segundo turno, sobre Roberto Giachetti, do Partido Democrático, do primeiro-ministro Matteo Renzi.
Pelas projeções dos primeiros resultados, a candidata do partido populista criado pelo humorista Beppe Grillo venceu com 67% dos votos. Houve segundo turno em 126 cidades da Itália, com um comparecimento às urnas de pouco mais da metade dos eleitores.
É mais uma derrota dos partidos tradicionais num grande país da Europa. Roma foi governada várias vezes pela direita e pela esquerda. O balanço é um desastre. Com a vitória, o Movimento 5 Estrelas torna-se o principal partido de oposição ao governo Matteo Renzi, de centro-esquerda.
A Prefeitura Municipal acumula uma dívida de 13,5 bilhões de euros. Cerca de 40% das ruas precisam de nova pavimentação. A Linha 3 do metrô, prevista para entrar em funcionamento no ano 2000, ainda está em obras. Em 2014, estourou um escândalo conhecido como Máfia da Capital, envolvendo políticos de vários partidos, empresários e mafiosos.
O Movimento 5 Estrelas, nascido como uma onda de protesto nas redes sociais, governa as cidades de Parma e Livorno, sem grandes mudanças revolucionárias. Roma será um desafio bem maior.
Virginia Raggi baseou sua campanha em três pontos: transporte, lixo e transparência. Ela é contra a candidatura de Roma a sede da Olimpíada de 2024. Seu partido alega que o povo italiano tem outras prioridades. Mas o ex-jogador de rúgbi Andrea Lo Cicero, dado como certo como secretário de Esportes, é a favor.
Ela promete renegociar a dívida da Cidade Eterna e cobrar impostos sobre os imóveis comerciais pertencentes ao Vaticano. Se antes de entrar para o Movimento 5 Estrelas dizia votar na esquerda, Virginia fez seu estágio como advogada no escritório de um dos defensores do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, principal símbolo da corrupção na política italiana depois da Operação Mãos Limpas (1992-94). Esse detalhe ela costuma omitir.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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