O governo do primeiro-ministro Enrico Letta recebeu hoje um voto de confiança do Congresso da Itália, depois que o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi recuou da decisão de retirar seu partido, o Povo da Liberdade, da grande coalizão que governa a Itália.
A reviravolta marca o declínio definitivo de Berlusconi como líder incontestável da direita italiana desde 1994, quando surgiu para ocupar o vácuo deixado pelo colapso da Democracia Cristã com as denúncias da Operação Mãos Limpas, de combate à corrupção.
Apesar do esforço de juízes e promotores, e de milhares de prisões, o resultado da campanha anticorrupção na Itália foram quase duas décadas do arquicorrupto Berlusconi como líder da direita. Foi o primeiro-ministro a ficar mais tempo no poder no país depois da Segunda Guerra Mundial.
Ao enfrentar uma rebelião de seu próprio partido, o Povo da Liberdade, diante da perspectiva de colapso do governo e antecipação das eleições, Berlusconi percebeu ter ido longe demais na tentativa de se proteger dos escândalos de corrupção. Ameaçado de perder o mandato de senador por causa de uma sentença condenatória definitiva por fraude e evasão fiscal, o Cavalière apostou na queda do governo para ter uma sobrevida política. Perdeu a parada.
Agora, o Congresso vai decidir se cassa seu mandato. É o triste fim deste misto de mafioso e palhaço que dominou a direita italiana por quase duas décadas e não teve o menor constrangimento de levar os neofascistas para o poder.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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