Em discurso na conferência do Movimento dos Países Não Alinhados, no Irã, maior aliado da Síria no Oriente Médio, o primeiro presidente eleito democraticamente da História do Egito, Mohamed Mursi, condenou a ditadura de Bachar Assad e defendeu o apoio aos rebeldes que lutam há 17 meses e meio para mudar o regime.
Depois de condenar a ditadura de Assad, Mursi apelou aos países não alinhados. Alegou que é um "deve ético" do movimento apoiar a oposição "contra um regime opressivo que perdeu sua legitimidade", informa a TV pública britânica BBC. É o mesmo discurso adotado pelos Estados Unidos e a Europa, rejeitado pela China e a Rússia, as duas ditaduras com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A delegação síria se retirou do plenário em sinal de protesto na hora do discurso. Os iranianos próximos à ditadura de Assad ficaram constrangidos, comentou a TV árabe especializada em notícias Al Jazira. Tanto os EUA quanto os rebeldes sírio acusam o Irã de armar o regime sírio e de enviar milicianos ligados à Guarda Revolucionária Iraniana para lutar ao lado das forças leais a Assad.
É a primeira visita de um líder egípcio ao Irã desde a vitória da Revolução Islâmica, em 1979. O regime fundamentalista iraniano rompeu relações com o Egito por causa do apoio deste país à ditadura do xá Reza Pahlevi e do acordo de paz assinado com Israel, lembra a agência de notícias Reuters.
O Irã organizou a conferência do Movimento dos Países Não Alinhados para romper seu isolamento internacional, obter apoio a seu programa nuclear, suspeito de desenvolver armas atômicas, e para seu aliado Assad. A longa guerra civil na Síria o torna mais vulnerável a um ataque de Israel e o isola de seu aliado libanês, a milícia xiita Hesbolá (Partido de Deus).
Mursi defende o direito do povo sírio de resistir a uma tirania brutal, mas é contra uma intervenção militar estrangeira. Ao contrário da Turquia, da Arábia Saudita, do Catar, dos Emirados Árabes Unidos e do Irã, o Egito não está envolvido nos combates.
Diante da falta de alternativa, observa o jornal inglês The Guardian, uma conferência internacional talvez seja o melhor lugar para retomar a busca por uma solução diplomática.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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