A procuradoria de Nanterre, na França, iniciou uma investigação sobre a morte do líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Arafat morreu num hospital militar perto de Paris em 11 de novembro de 2004 depois de uma doença fulminante que acabou com ele em um mês.
O inquérito foi aberto por força de uma ação impetrada pela viúva, Suha Arafat, que suspeita de assassinato. Vários objetos pessoais de Arafat, como escova de dentes, dentadura e o turbante que usava na cabeça, apresentaram altos níveis de radioatividade em exames realizados num laboratório na Suíça.
Em julho, a Autoridade Nacional Palestina pedira a exumação do cadáver para conferir a suspeita de contaminação por polônio radioativo.
Arafat fundou seu partido Fatah (Luta) em 1959. Dez anos depois, assumiu o controle da OLP, criada pelo então presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, em 1964, para tentar dominar o movimento palestino, que lutava pela terra onde foi criado o Estado de Israel.
Com o reconhecimento de Israel pela OLP, foi aberto o caminho para o processo de paz iniciado em 1991, em que os palestinos lutam para criar um país independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Três anos depois, como resultado de negociações secretas realizadas em Oslo, na Noruega, nascia a Autoridade Nacional Palestina e Arafat voltava aos territórios para presidi-la. Mas o processo de paz empacou em consequência de ações terroristas palestinas, das duras reações israelenses e da falta de apoio político doméstico dos dois lados para fazer as concessões necessárias.
Diante dessa estagnação, Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, na época sob a presidência de George W. Bush, voltou a considerar Arafat um parceiro inconfiável para negociar a paz, o que alimenta as suspeitas de crime.
Com sua morte, a presidência palestina passou para o moderado Mahmoud Abbas, mais aceitável para americanos e israelenses. Mas o processo de paz continua parado. A OLP exige o congelamento da colonização dos territórios ocupados, e o governo ultradireitista de Israel não mostra a menor intenção de ceder.
A chamada Primavera Árabe, com a democratização da Tunísia e especialmente do Egito, muda o equilíbrio de forças na região. Se os militares egípcios, contemplados com uma ajuda militar bilionária dos EUA, cumpriram fielmente o acordo de paz assinado em 1979 com Israel, a política externa do governo democraticamente eleito da Irmandade Muçulmana, um grupo islamita moderado, deve refletir muito mais a opinião pública árabe, que considera a situação palestina humilhante.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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