segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Colômbia e FARC abrem negociações de paz

Depois de 50 anos de guerra civil, o governo da Colômbia e o maior grupo guerrilheiro do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) chegaram a um acordo assinado hoje em Havana, a capital de Cuba, para iniciar negociações de paz. A notícia foi confirmada pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

Em nota, Santos declarou que desde o primeiro dia de governo cumpriu "a obrigação constitucional de procurar a paz". Ele foi ministro da Defesa de seu antecessor, Álvaro Uribe, que adotou uma estratégia militar para derrotar a guerrilha e conseguiu reduzir substancialmente o poder das FARC.

Para se defender de possíveis críticas, Santos prometeu "aprender com os erros do passado para não repeti-los" e defender "cada centímetro do território nacional". As FARC chegaram a dominar grandes áreas do interior da Colômbia.

A última guerra civil colombiana começa em 9 de abril de 1948, quando o assassinato do candidato liberal à Presidência da República, Jorge Eliecer Gaitán, deflagrou um banho de sangue conhecido como Bogotazo e deu início a um período da História da Colômbia conhecido como La Violencia. Mais de 300 mil pessoas foram mortas em 15 anos.

Durante aquele período, socialistas, comunistas e até liberais entraram na clandestinidade. As FARC surgiram em 1964 como braço armado do Partido Comunista, que era ilegal. Com o fim da Guerra Fria e o declínio do comunismo como ideologia, as FARC firmaram uma aliança oportunista e improvável com traficantes de cocaína. Isso lhes garantiu a sobrevivência financeira, complementada com uma política sistemática de extorsão mediante sequestro.

Hoje as centenas de reféns que restam em poder das FARC são pequenos empresários sequestrados para cobrar resgate.

A guerrilha sofreu um duro golpe em 2008, com as mortes de seu comandante histórico, Manuel Marulanda, o Tiro Certeiro, do subcomandante Raúl Reyes, atacado num acampamento no Equador, o que gerou uma crise internacional entre os dois países, e de outros chefes militares importantes. Uma operação militar com a conivência da guerrilha libertou a ex-senadora Ingrid Betancourt, última refém política de peso da guerrilha colombiana.

No ano passado, o novo comandante das FARC, Alfonso Cano, manifestou interesse em negociar a paz. A guerrilha chega à mesa de negociações enfraquecida por sucessivas derrotas militares.

Nenhum comentário: