quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mineiros sul-africanos são acusados por morte de colegas

Por causa de uma lei da era do apartheid, 270 trabalhadores da mina de platina de Marikana, na África do Sul, onde 34 colegas foram mortos pela polícia há duas semanas, foram considerados culpados automaticamente. A lei responsabiliza pelas consequências de um protesto quem é preso em confrontos entre manifestantes e a polícia.

Foi o pior incidente desde o fim do regime segregacionista da minoria branca em 1994, com a ascensão de Nelson Mandela, primeiro presidente eleito democraticamente da História do país.

"O tribunal denunciou hoje os mineiros pelas mortes", anunciou o porta-voz da promotoria, Frank Lesenyego, sob protesto do ex-líder da juventude do Congresso Nacional Africano (CNA), Julius Malema, afastado por razões disciplinares depois de conflito com o presidente Jacob Zuma.

Em sua defesa, a polícia alegou que os manifestantes, ligados a um sindicato radical, se aproximaram brandindo facões e lanças em atitude ameaçadora.

"É uma loucura", reagiu Malema, citado no jornal francês Le Monde. "Nenhum dos policiais que mataram os mineiros está na prisão".

A matança na mina próxima a Joanesburgo foi comparada ao Massacre do Cavalo de Troia, em 1985, na Cidade do Cabo, quando policiais se ergueram da caçamba de um caminhão para atirar contra uma manifestação da maioria negra para lembrar o Massacre de Sharpeville, em 1960, quando 69 negros foram mortos.

A grande diferença é que agora os negros estão no poder. O episódio mostra que a África do Sul ainda está longe de resgate sua dívida social com a maioria oprimida por séculos de discriminação racial.

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