Pelo menos 26 funcionários do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, viram tratamento agressivo e métodos de interrogatório duros a que foram submetidos os prisioneiros da guerra do governo George W. Bush contra os fundamentalistas muçulmanos levados para o centro de detenção na base naval de Guantânamo, um enclave americano na ilha de Cuba.
"Em diversas ocasiões, testemunhas viram os detidos em salas de interrogatório com os pés e as mãos algemados, em posição fetal, jogados no chão, sem água comida ou uma cadeira; a maioria urinava ou defecava nas suas roupas e ficava ali 18, 24 horas", diz um dos relatórios divulgados ontem."
Um funcionário do FBI viu um prisioneiro "tremendo de frio".
Entre as técnicas de interrogatório que podem ser caracterizadas como tortura, estão:
- levar um detento para uma cela escura para interrogá-lo 24 horas sem parar;
- manter os presos acordados por vários dias com lâmpadas estroboscópicas e música em alto volume;
- vestir-se de padre e "batizar" o preso;
- submeter o prisioneiro a um show de dança do ventre de uma guarda de topless;
- e bater num preso que alegou ter sido operado recentemente.
No início de 2002, o governo americano começou a transferir presos na guerra do Afeganistão para Guantânamo. Sob o argumento de que eram "combatentes ilegais", que não pertenciam a um Exército regular, não obedeciam a uma cadeia de comando e não usavam uniforme, Bush lhes negou os direitos garantidos pelas Convenções de Genebra sobre Prisioneiros de Guerra.
Guantânamo é um dos escândalos da guerra contra o terrorismo. A Suprema Corte já negou autorização para os tribunais militares de exceção em que Bush queriam julgar os suspeitos. O procurador-geral do Reino Unido pediu o fechamento da prisão. Bush alega que primeiro precisa processar quem está lá.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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