Durante visita a Kiev, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu da Rússia um compromisso claro com a paz na ex-república soviética da Ucrânia: "A paz aqui depende da Rússia." O governo ucraniano está pedindo armas ao Ocidente para enfrentar o que denuncia como uma intervenção militar.
"Não podemos ignorar a presença de tanques e tropas russas que lideram os chamados rebeldes no campo de batalha", acusou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, dizendo que tudo o que está pedindo já foi aceito pela Rússia no acordo de paz firmado em Minsk em setembro de 2014.
Nos últimos dias, os separatistas apoiados pelo Kremlin lançaram nova ofensiva no Leste do país na guerra que já custou 5,4 mil vidas. Moscou nega qualquer interferência, mas há inúmeros relatos de ex-combatentes russos, inclusive vazados na Internet.
O presidente Vladimir Putin, que chegou ao poder com o apoio da máfia de São Petersburgo, depois de dirigir o Serviço Federal de Segurança, herdeiro do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a temida polícia política soviética, usa as técnicas de desestabilização clássicas dos paramilitares do Ministério do Interior.
A ofensiva coincide com um forte declínio da economia da Rússia sob o peso das sanções dos EUA e da Europa contra a intervenção militar na Ucrânia e da queda nos preços do petróleo nos últimos meses. Putin vai à guerra para recuperar a popularidade e a legitimidade interna.
Se o Ocidente armar a Ucrânia, Putin reforçará o discurso oficial russo, que apresenta o atual Exército ucraniano como uma força mercenária a serviço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Se não fizer isso, a intervenção militar russa será um passeio banhado em sangue.
Um acordo de paz assinado em setembro passado em Minsk, a capital da Bielorrússia, foi claramente violado. Para o comandante militar dos EUA na Europa, general Philip Breedlove, a Rússia e os rebeldes apoiados pelo Kremlin aproveitaram a trégua de Natal para planejar a ofensiva em marcha.
O presidente da França, François Hollande, e a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, chegou hoje a Kiev com uma proposta de paz que levam amanhã a Moscou.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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