A Euro 2012, a copa européia de seleções nacionais de futebol, começa hoje na Polônia e na Ucrânia, dois países do antigo bloco soviético. Estavam do outro lado da cortina de ferro que dividia o mundo entre capitalismo e comunismo. É a Eurocopa chegando à Europa Oriental.
Se Polônia é um tigre do Leste Europeu, com crescimento médio de 5% nos últimos anos, a Ucrânia tem sérios problemas políticos e econômicos.
Membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Polônia foi capaz de evitar a recessão. Cresceu 1,6% em 2009, enquanto a União Europeia recuava 4,9%. Depois de alguns conflitos na era pós-comunismo, tem hoje um governo estável de centro-direita.
Já a Ucrânia era uma das repúblicas da União Soviética. Fazia parte do chamado "império interior soviético", que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, insiste em recriar, ainda que informalmente.
Depois da Revolução Laranja, que impediu uma fraude eleitoral para beneficiar Viktor Yanukovic, em 2004, seus líderes se desentenderam. Hoje o candidato barrado pela revolução ganhou as eleições e mandou processar a ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, que está na cadeia, condenada a sete anos de prisão por abuso de poder numa negociação de gás com a Rússia.
Como a União Europeia entende que o processo foi político e não respeitou as normas internacionais sobre direito de defesa, seus líderes decidiram boicotar os jogos na Ucrânia. Mesmo que a Alemanha, uma das favoritas, chegue à final, a primeira-ministra Angela Merkel não irá a Kiev, a capital ucraniana em boicote a Yanukovich. Outros líderes da UE prometem fazer o mesmo.
De um lado, o torneio mostra uma Polônia moderna e liberal, próspera, com taxa de crescimento elevado, solidamente integrada à Europa, com as relações com a Alemanha em seu melhor momento histórico. Do outro, uma Ucrânia afundada na crise econômica e na corrupção, com um capitalismo oligárquico e mafioso, e um regime político autoritário, mais próxima da Rússia.
Outra questão importante que assusta os organizadores é o risco de manifestações racistas de grupos de extrema direita, informa o jornal The New York Times, ao fazer um balanço do torneio que deveria consagrar a inserção de duas grandes nações na Europa moderna, desenvolvida e civilizada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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