A pedido da China, o Camboja prendeu o arquiteto francês Patrick Devillers, acusado de envolvimento com o ex-dirigente do Partido Comunista chinês Bo Xilai, um expoente da linha dura que caiu em desgraça em março de 2012 em meio a um escândalo de abuso de poder, assassinato e corrupção.
Em Paris, o Ministério do Exterior da França prometeu todo o apoio consular ao arquiteto.
Devillers era um dos dois estrangeiros ligados a Gu Kailai, esposa de Bo, presa sob suspeita de participação no assassinato do empresário britânico Neil Heywood, acusado de intermediar transações internacionais ilícitas do casal.
Bo Xilai era um dos 25 membros do Politburo do Comitê Central do PC chinês. Articulava apoio para ser eleito no fim do ano para o Comitê Permanente do Politburo, formado pelos chamados nove imperadores que governam a China, hoje o segundo país mais rico e poderoso do mundo, rumo ao primeiro lugar.
Como líder do partido e governador da cidade-província de Xunquim, Bo resgatou políticas da linha dura da era maoísta. Perseguiu empresários denunciados por corrupção e adversários políticos, sendo acusado de abuso de poder. Até canções triunfalistas do tempo da Revolução Cultural eram entoadas.
Em março deste ano, Bo foi removido da liderança do partido em Xunquim. No mês seguinte, foi afastado também do Politburo, na queda mais espetacular de um dirigente chinês desde que o então secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, foi deposto, em 1989, por se recusar a apoiar a repressão do Exército Popular de Libertação ao movimento dos estudantes pela democracia e liberdade que resultou no massacre na Praça da Paz Celestial.
Devillers foi advertido várias vezes de que corria perigo no Camboja por causa das boas relações do governo deste país com o regime comunista chinês. Sua prisão foi anunciada seis dias depois da visita a Phnom Penh, a capital cambojana, de Hu Guoqiang, membro do Comitê Permanente e Chefe da Comissão Central para Inspeções Disciplinares.
Quando Gu Kailai abriu uma empresa no Reino Unido para contratar arquitetos para realizar projetos na China, deu o mesmo endereço, em Bournemouth, usado por Devillers. Em 2006, quando ele e seu pai criaram uma companhia imobiliária em Luxemburgo, deram como endereço principal da firma um escritório de Gu em Beijim.
A China tem regras estritas para investimentos no exterior e fiscaliza de perto a participação de funcionários públicos nestes negócios, observa o jornal The New York Times.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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