O partido conservador tradicional Nova Democracia disputa voto a voto com a coligação de ultraesquerda Syriza a vitória nas eleições parlamentares deste domingo na Grécia, indicam as pesquisas de boca de urna divulgadas por televisões gregas depois do fechamento das urnas.
Pela lei eleitoral do país, para facilitar a formação do governo, o partido vencedor ganha um bônus de 50 deputados no Parlamento de 300 cadeiras. Se a extrema esquerda ganhar, será difícil articular uma aliança capaz de governo a Grécia, que está em seu quinto ano seguido de recessão e depende de acordos feitos com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para receber empréstimos de emergência e evitar um calote de sua dívida pública.
Se a extrema esquerda vencer, pretende denunciar os acordos. A Grécia não receberia a próxima parcela de uma ajuda de 240 bilhões de euros. Não teria como pagar nem os funcionários públicos. Seria pressionada a deixar a união monetária europeia, com consequências desastrosas para toda a economia mundial.
Alguns economistas estimam em até US$ 1 trilhão o prejuízo à economia mundial que seria causado por um calote grego, com risco de contágio para outras economias da Zona do Euro em dificuldades para pagar suas dívidas, como Portugal, Irlanda e especialmente Espanha e Itália, a terceira e quarta maior economias da região.
A esperança é que a Nova Democracia e o Partido Socialista Pan-Helênico (Pasok), que dominaram a política grega desde o fim da ditadura militar, nos anos 70, consigam a maioria de 151 deputados para formar um governo favorável aos acordos para pagar a dívida.
O elevado custo social do plano de ajuste fiscal, com queda estimada de 20% no produto interno bruto entre 2008 e 2012, cortes de empregos públicos, salários, pensões e aposentadorias, turbinou a votação dos partidos radicais de direita e esquerda. Os neonazistas do partido Aurora Dourada devem eleger deputados.
Nas últimas eleições, em 6 de maio, 70% votaram em partidos contrários aos acordos com a UE e o FMI, mas 75% são a favor de continuar fazendo parte da Eurozona. A ND ficou com 108 deputados, a Syriza com 52 cadeiras e o Pasok com 41.
O líder da extrema esquerda, Alexis Tsipras, fez campanha tentando convencer os gregos de que não serão excluídos da união monetária mesmo rejeitando o programa de equilíbrio das contas públicas: "O acordo com o FMI faz parte do passado e entrará definitivamente para a História na segunda-feira", afirmou.
Seu argumento é que a saída da Grécia levaria ao colapso total do euro e da união monetária europeia.
Se os partidos tradicionais venceram, pretendem renegociar os termos do ajuste para incluir elementos de estímulo ao crescimento, como defende o novo presidente da França, François Hollande. A Alemanha resiste a aceitar qualquer mudança.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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