A Espanha pediu hoje oficialmente ajuda à União Europeia para recapitalizar seus bancos. Em uma teleconferência, os países da Zona do Euro ofereceram 100 bilhões de euros, cerca de R$ 254 bilhões, ao primeiro-ministro Mariano Rajoy. A Finlândia e a Holanda impuseram condições duras.
Depois do encontro, em entrevista coletiva, o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, confirmou o pedido, afirmando que as taxas de juros são "favoráveis" e que só o setor financeiro será submetido a novas regras de austeridade como contrapartida.
"Estamos pedindo apoio financeiro e não um resgate total", declarou o ministro De Guindos, acrescentando que o dinheiro "irá para o Fundo de Reestruturação Bancária Ordenada, e este injetará recursos nas instituições financeiras que os requisitarem. Nem todos os bancos precisam se recapitalizar".
Há dez dias, o primeiro-ministro Rajoy rejeitava a possibilidade de pedir ajuda, lembra o jornal espanhol El País.
Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um estudo concluindo que os bancos espanhóis precisavam no mínimo de 40 bilhões de euros, cerca de R$ 101,6 bilhões. Isso acelerou o processo. No máximo, esse valor subiria para 100 bilhões de euros, o que foi oferecido e aceito oficialmente hoje.
Foi o quarto país da Eurozona a pedir ajuda a seus parceiros para enfrentar a crise da dívida pública, depois da Grécia, da Irlanda e de Portugal. Esses três países somados representam 6% do produto regional bruto da região; a Espanha representa 12%, o dobro dos três, mas está pedindo dinheiro só para capitalizar o setor financeiro, não para refinanciar sua dívida soberana.
A Finlândia e a Holanda queriam submeter o plano às condições impostas pelo FMI, mas a Espanha não aceitou. O Fundo vai apenas monitorar o saneamento financeiro dos bancos espanhóis.
Os 100 bilhões são uma tentativa de mostrar que o jogo é para valer. É dinheiro suficiente, mesmo que a crise bancária espanhola piore.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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