Depois de um adiamento de três dias que levantou suspeitas, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, foi declarado vencedor da eleição presidencial no Egito há cerca de duas horas.
Mursi, de 62 anos, um engenheiro formado nos Estados Unidos, recebeu mais de 13 milhões de votos, 51,7% dos votos válidos, contra 48,2% para seu adversário, o ex-primeiro-ministro Ahmed Chafik, um brigadeiro reformado da Força Aérea do Egito, homem do regime militar que governa o país desde que a Revolução dos Coronéis, liderada por Gamal Abdel Nasser, derrubou a monarquia, em 1952.
O presidente eleito representa o mais antigo grupo fundamentalista islâmico da História, fundado em 1928 por Hassan al-Bana para "reislamizar" a umma, o conjunto de todos os muçulmanos, que estariam corrompidos pela influência do colonialismo europeu. Seu desafio será governar para todos.
É uma mudança dramática para o maior país árabe. Há decadas, os islamitas desafiaram os governos autoritários do Oriente Médio e do Norte da África. Eram apresentados como um mal maior. Como única oposição organizada, beneficiaram-se da abertura democrática decorrente das revoluções da Primavera Árabe.
No poder, terão de assumir as responsabilidades e o desgaste de governar e atender às expectativas de um país em desenvolvimento com 80 milhões de habitantes. Os militares, que reduziram o poder do presidente por decreto há uma semana, mostram a intenção de manter o controle da máquina estatal e sua influência econômica nos mais diferentes setores de atividade. Eles se comprometeram a dar posse ao novo presidente até o fim deste mês.
Em seu discurso da vitória, Mursi prometeu respeitar os direitos das mulheres e das minorias religiosas, e governador para todos os egípcios.
O governo de Israel acaba de dizer que aceita o resultado democrática e espera manter um relacionamento construtivo com base no acordo de paz assinado entre os dois países.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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