Num processo-relâmpago, sem o devido direito de defesa, o Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou ontem a abertura de um processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, que pode ser condenado ainda hoje pelo Senado.
Uma missão de ministros das Relações Exteriores da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) liderada pelo chanceler brasileiro, embaixador Antonio Patriota, seguiu ontem para Assunção para pressionar o Congresso a respeitar o direito de defesa.
O estopim da ruptura entre o presidente e o Congresso foi a desocupação, na semana passada, de uma fazenda ocupada por agricultores sem terra que reivindicam uma reforma agrária. Dezessete pessoas morreram na ação, inclusive seis policiais.
Lugo foi marcado por uma série de escândalos sexuais. Desde que assumiu o poder, quatro mulheres alegaram ter filhos dele, que era bispo católico. Em dois casos, ele reconheceu a paternidade.
Suas desavenças com o vice-presidente Federico Franco impediram o governo de realizar as reformas econômicas prometidas durante a campanha.
Por iniciativa do Congresso, desde outubro de 2011, o Norte do Paraguai está sob estado de emergência a pretexto de combater o Exército do Povo Paraguaio, que não se sabe se existe realmente ou é uma criação da elite conservadora para fustigar o presidente esquerdista.
Em agosto de 2010, foi descoberto que o presidente paraguaio sofre com um linfoma de Hodgkin, uma espécie de câncer. Depois de uma série de sessões de quimioteria em São Paulo, a doença regrediu.
Sem conseguir impor sua autoridade a um dos países mais pobres e atrasados da América do Sul, Lugo perdeu o apoio do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), o mais tradicional da oposição paraguaia durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-89) e os governos subsequentes do Partido Colorado.
Outro conflito importante é a questão dos chamados brasiguaios, brasileiros que compraram terras no Paraguai hoje cobiçadas pelo movimento dos sem terra.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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