Até 2020, o Departamento da Defesa dos Estados Unidos pretende concentrar no Oceano Pacífico 60% de suas forças navais, anunciou o secretário Leon Panetta. Se isso indica que o Pentágono considera o Oceano Atlântico uma zona de paz, ao mesmo tempo sinaliza uma preocupação crescente com a ascensão da China como superpotência.
Hoje os EUA tem uma frota de 285 navios dividida entre o Atlântico e o Pacífico. Ao fazer o anúncio numa conferência sobre segurança internacional realizada em Cingapura, Panetta declarou que a China deve ver os americanos como uma "força estabilizadora" na região e não como uma ameaça.
Apesar dos cortes de US$ 487 bilhões nos gastos com defesa previstos nos próximos dez anos para reduzir o déficit, o Pentágono promete fazer os investimentos necessários para desenvolver novas armas e consolidar sua presença militar na Ásia, reporta o jornal The Wall St. Journal.
Os EUA são a maior força militar no Pacífico desde a vitória na Segunda Guerra Mundial. Têm bases e tropas na Coreia do Sul e no Japão. Mas, nos últimos anos, na onda de seu extraordinário desenvolvimento econômico e de seu formidável comércio exterior, a China passou de um país introvertido na era de Mao Tsé-tung para uma superpotência econômica que multiplica seu orçamento de fesa.
Com a necessidade de proteger suas rotas comerciais e investimentos no exterior, a China começa a projetar seu poderio militar. Tem hoje uma Marinha de águas profundas, mísseis antissatélites, mísseis antiporta-aviões e porta-aviões. Seu objetivo é neutralizar a superioridade militar dos EUA no Leste da Ásia.
Além da reivindicação sobre Taiwan, a China tem disputas em torno de ilhas com o Japão, as Filipinas, Brunei, a Malásia e o Vietnã. Durante a crise de 1996, quando a China apontou mísseis para Taiwan para intimidar o eleitorado antes de uma eleição presidencial em que o favorito defendia a independência da ilha, os EUA deslocaram um grupo naval para o Estreito de Taiwan. Hoje isso é inimiginável.
A hegemonia dos EUA ajudou a criar um ambiente de segurança econômica no fim da Guerra Fria no Leste da Ásia, a região onde a Guerra Fria foi muito mais quente, com milhões de mortos na Guerra da Coreia, na Guerra do Vietnã, no ano em que a Indonésia viveu perigosamente, na grande fome causada pelo fracasso do Grande Salto para a Frente e da subsequente Revolução Cultural na China.
No fim da Guerra Fria, por sua rivalidade com a União Soviética, a China era na prática uma aliada sem ser membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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