O Partido Popular (PP), conservador, encaminha-se para a maior vitória de sua história nas eleições parlamentares do próximo domingo, 20 de novembro de 2011, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) deve sofrer sua pior derrota desde a redemocratização da Espanha, em 1975.
Enquanto a bancada do PP deve crescer de 154 para 194, os socialistas devem eleger 112 deputados, 57 a menos do que os atuais 169, prevê o jornal espanhol El País. Assim, o líder conservador e futuro primeiro-ministro, Mariano Rajoy, terá maioria absoluta na Câmara.
A esquerda paga o preço da crise que deixou a Espanha à beira do calote, com a economia estagnada, alto risco de voltar à recessão e desemprego de 21%, a maior taxa de toda a União Europeia.
Os socialistas governaram a Espanha de 1982 a 1996, sob a liderança de Felipe González. Voltaram ao poder numa vitória, em 2004, inesperada dias antes das eleições, com José Luis Rodríguez Zapatero. Seu novo líder, o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, passa a líder da oposição.
Com a prosperidade econômica da época, o PP era franco favorito. Os atentados que mataram 191 pessoas no sistema de trens e metrô de Madri, em 11 de março de 2004, viraram o jogo.
Apesar dos indícios apontado a responsabilidade de extremistas muçulmanos, o governo conservador de José María Aznar decidiu culpar o grupo terrorista ETA, que luta pela independência do País Basco.
Ao lado dos Estados Unidos, a Espanha participava da invasão do Iraque a mando de George W. Bush, numa guerra rejeitada pela maioria do eleitorado espanhol.
Pelo telefone celular celular, a população passou a denunciar a manipulação do noticiário pelo governo, que era clara nos altos escalões, mas não era confirmada pelas notícias apuradas junto aos policiais encarregados da investigação. Na primeira noite depois dos atentados, eles tinham encontrado uma caminhonete com detonadores e récitas do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos.
O líder socialista Rodríguez Zapatero, chamado na época de Tony Blair espanhol, ganhou as eleições de presente. Prometia retirar as tropas espanholas da guerra de Bush.
Diante das mentiras do governo, foi suficiente. Rodríguez Zapatero governou por dois mandatos. Foi abatido pela crise econômica internacional, que arrasou o mercado imobiliário da Espanha, objeto de grande especulação, e pela ameaça de calote da dívida pública.
Sua economia, a quarta maior da Zona do Euro, é menor que a italiana, mas é considerada grande demais para ser socorrida. O desafio do novo governo é equilibrar as contas públicas e retomar o crescimento, em meio a pior crise na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 13 de novembro de 2011
Socialistas desabam e direita vencerá na Espanha
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