Durante encontro na véspera da reunião de cúpula do Grupo dos Vinte, os líderes da União Europeia deixaram claro que estão perdendo a paciência com a Grécia, advertindo que o país precisa decidir se quer continuar usando o euro como moeda ou prefere deixar a união monetária.
"A Grécia quer ou não quer continuar sendo parte da Zona do Euro?", perguntou a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que exigiu que os credores aceitassem uma redução da dívida grega pela metade. "Esta é a questão que o povo grego deve responder."
Sob pressão, o primeiro-ministro George Papandreou aceitou antecipar para 4 ou 5 de dezembro a realização de um referendo para legitimar o acordo que cortou a dívida grega em 40%.
Como Papandreou convocou o referendo sem consultar seus parceiros da União Europeia, que ficaram semanas negociando uma nova ajuda ao país, os outros líderes, especialmente da Alemanha e da França, ficaram furiosos. O primeiro-ministro grego aprofundou a crise. Voltou a deixar outros países e os bancos do continente à beira do abismo, com impacto sobre toda a economia mundial.
Em outros países da Eurozona, levantam-se vozes para pedir a realização de referendos nacionais para aprovar o acordo da dívida grega, já que seus contribuintes vão pagar a conta.
O Parlamento da Grécia ainda precisa aprovar o referendo. Na sexta-feira, o governo será submetido a um voto de confiança. Se Papandreou cair, muda tudo de novo, o que não ajuda a estabilizar o mercado. Mas há quem prefira um novo governo a este primeiro-ministro.
A economia mundial aguarda ansiosa o fim das trapalhadas da Grécia. Todo o esforço até agora foi para manter o país na Eurozona, mas as dúvidas do chefe de governo sugerem que o acordo aprovado é inexequível sem um apoio maior da população.
Os gregos estão furiosos com a perda de empregos, salários e aposentadorias, mas a ampla maioria ainda prefere manter o euro. Numa campanha eleitoral, obviamente o argumento contrário será defendido com vigor, causando nova turbulência na Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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