Em mais um discurso eleitoreiro, ao abrir hoje a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, depois de elogiar os avanços sociais no seu governo, a presidente Dilma Rousseff condenou a intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque e na Síria para combater a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Dilma defendeu o "diálogo" e a "negociação", como se o grupo extremista muçulmano fosse enviar delegados para negociar a paz na sede da ONU em Genebra, na Suíça. Ignorou as 193 mil mortes na guerra civil na Síria, em que o Brasil sempre se omitiu, a ameaça de genocídio do povo yazidi, a expulsão dos cristãos do Norte do Iraque e dos curdos do Norte da Síria. Alegou que o uso da força agravou os conflitos nesses dois países.
Ao presidir em seguida a uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Obama criticou "o cinismo e a indiferença quando se trata de questões humanas. Nada justifica esses atos. Não pode haver negociação. A única linguagem compreendida por assassinos como esses é a força."
A aliança militar articulada pelos EUA tem a participação direta da Arábia Saudita, do Bahrein, do Catar, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, da Jordânia e da Turquia, o apoio tácito da Síria e do Irã enquanto os alvos forem milícias sunitas, e obviamente também de Israel. No mundo real, todos os governos do Oriente Médio são contra o EIIL.
Quem vai representar o Estado Islâmico? O Brasil vai se apresentar como mediador como fez com sucesso no passado, ajudando a evitar um bombardeio americano ao Iraque em 1998, quando o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, era o embaixador na ONU?
Foram mais palavras ao vento. Dilma poderia resgatar o conceito da "responsabilidade ao proteger", que usou há dois anos no mesmo púlpito para criticar a intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia em 2011. Optou por cutucar os EUA para bancar o discurso de campanha de que o Brasil não se curva diante das grandes potências, um discurso subdesenvolvido típico do complexo de vira-lata.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
No ano passado, mais de 50 mil pessoas são mortas por ano. Se contarmos o trânsito, são quase 100 mil mortes desnecessárias por ano. Pessoalmente sou contra a pena de morte. Precisamos matar e morrer menos.
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