Quase 4,3 milhões de eleitores estão aptos a votar no plebiscito sobre a independência da Escócia, realizado até as 22 horas de hoje (18h em Brasília). A expectativa é de um índice de comparecimento recorde. As últimas pesquisas indicam um empate técnico, com a maior parte dando vitória ao não dentro da margem de erro.
Se a maioria votar sim, será o fim de uma união formalizada em 1707 e que na prática existia desde a União das Coroas, em 1603, quando Jaime VI, da Escócia, filho de Maria Stuart, se tornou Jaime I da Inglaterra. Esse país, a Grã-Bretanha, liderou a Revolução Industrial na segunda metade do século 18 e formou o Império Britânico, o maior da história.
Em 1801, o país se tornou Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Desde então, a maior mudança constitucional foi a independência da República da Irlanda, em 1922. Virou Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
No fim do século 19 e no início do século 20, o Reino Unido foi superado pelos Estados Unidos e a Alemanha como maior potência econômica mundial. Depois da Segunda Guerra Mundial, começou a descolonização do Império Britânico, que pode ter uma de suas últimas etapas se a Escócia se tornar independente. Mas o Reino Unido é uma das cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A campanha do sim, liderada pelo primeiro-ministro do governo semiautônomo da Escócia, Alex Salmond, promete prosperidade e o fim da submissão a governos britânicos conservadores. O país ficaria mais rico graças ao petróleo do Mar do Norte, mas os críticos alertam que essa riqueza está se esgotando.
Os defensores do não alegam que a economia será abalada e o país terá menos força em foros internacionais. A Escócia independente poderia manter a libra esterlina como moeda, mas perderia o direito de influir nas decisões do Banco da Inglaterra, o banco central do Reino Unido. Gostaria de aderir ao euro. Antes, teria de negociar a adesão à União Europeia.
No setor financeiro, todos os grandes bancos escoceses planejam transferir sua matriz para Londres se a Escócia se tornar independente. O terceiro maior setor depois de energia e finanças, a indústria do uísque, também vê com apreensão a divisão do país.
Há ainda a questão nuclear. O Reino Unido tem submarinos nucleares e outras armas atômicas estacionadas na Escócia. Quando a União Soviética acabou, a Rússia ficou com as armas nucleares em troco de garantias de seguranças a Bielorrúsia, Casaquistão e Ucrânia, onde agora fomenta uma guerra civil. Não vai acontecer o mesmo com países democráticos, mas é uma questão séria numa separação que o movimento nacionalista escocês compara com o Divórcio de Veludo, entre República Tcheca e Eslováquia, em 1993.
O resultado será conhecido ainda hoje à noite ou na madrugada de amanhã.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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