Os partidos de centro-direita venceram as eleições realizadas nesse domingo na França para preencher a metade das 348 vagas do Senado, que no modelo constitucional francês atua como câmara revisora e pode ter suas decisões revogadas pela Assembleia Nacional. A Frente Nacional, de extrema direita, elegeu seus dois primeiros senadores, informou o jornal francês Le Monde.
A esquerda perde a maioria no Senado que tinha desde 2011. A maior bancada será da União por um Movimento Popular (UMP). É o partido gaulista de centro-direita que o ex-presidente Nicolas Sarkozy quer presidir para se relançar como candidato em 2017. A UMP elegeu 23 senadores e perdeu 11, ficando com um total de 145.
No centro do espectro político francês, a União Democrática Independente (UDI) ganhou oito senadores e perdeu dois. Passa a ser 38 senadores.
Com a popularidade do presidente François Hollande num recorde negativo de apenas 13%, o Partido Socialista foi o maior derrotado. Perdeu 24 senadores e ganhou oito, reduzindo a bancada para 112 cadeiras.
O Partido Comunista Francês (PCF) perdeu três senadores e agora tem 18, enquanto a bancada do grupo RDSE (Reunião Democrática e Social Europeia), uma coligação liderada pelo Partido Radical de Esquerda, caiu de 19 para 12 cadeiras. A bancada verde e ecologista ficou estável com 10 senadores.
Mais importante do que o resultado geral em si, que mantém o equilíbrio da política francesa entre centro-direita e centro-esquerda, neste caso pendendo para a direita por causa da crise econômica e da impopularidade do governo socialista, é a entrada da neofascista Frente Nacional no Senado da França pela primeira vez.
Depois de chegar ao segundo da eleição presidencial de 2002 com Jean-Marie Le Pen, a FN ganhou mais aceitação sob a liderança de sua filha, Marine Le Pen, que teve 18% dos votos no primeiro turno em 2012.
Nas eleições municipais de março de 2014, a FN conquistou 12 prefeituras e aumentou o total de vereadores para 1,5 mil. Em maio, ficou em primeiro lugar nas eleições para o Parlamento Europeu na França, com 25% dos votos.
Algumas pesquisas indicam que hoje Marine Le Pen venceria François Hollande numa eleição presidencial.
A derrota não deve impedir o primeiro-ministro Manuel Valls de seguir adiante com as reformas para enfrentar a estagnação econômica e o desemprego elevado, de cerca de 10%. O novo orçamento, a ser apresentado na quarta-feira, deve prever cortes de gastos públicos no valor de 21 bilhões de euros (R$ 64,5 bilhões) nos gastos públicos, reduções de impostos para empresas e pessoas físicas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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