segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Irã é ameaça maior do que Estado Islâmico, diz Kissinger

Aos 90 anos, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger ainda é um dos principais articuladores do pensamento realista ou conservador nas relações internacionais. Em seu novo livro, Ordem Mundial, ele manifesta pessimismo diante da decadência do Ocidente e alerta que o Irã é uma ameaça maior do que o Estado Islâmico.

Em entrevista à Rádio Pública Nacional dos Estados Unidos para divulgar o livro, Kissinger observa que os países sempre tentam criar sistemas para pôr ordem no mundo, mas eles costumam durar pouco. Mais uma vez, em face ao declínio dos EUA e da Europa, o ex-secretário teme um retrocesso com o fortalecimento relativo de grandes potências antidemocráticas como a China e a Rússia.

Kissinger considera o conflito com o Estado Islâmico do Iraque e do Levante mais administrável. Como o grupo é muito radical, não irá muito longe, vai acumular inimigos e precisaria de uma base territorial sólida para se firmar como Estado.

O desafio do Irã é muito maior, na análise do estrategista: "Surgiu uma espécie de arco xiita que vai de Teerã a Beirute passando por Bagdá. Isto dá ao Irã a oportunidade de restaurar o Império Persa - desta vez sob o rótulo do xiismo - na reconstrução do Oriente Médio que inevitavelmente terá de acontecer quando as novas fronteiras forem traçadas, porque as fronteiras do acordo de 1919-20 estão entrando em colapso."

Este arco xiita é uma plataforma estratégica para o Irã projetar sua força internacionalmente. "O EIIL é um bando de aventureiros com uma ideologia muito agressiva. Eles precisam conquistar mais e mais territórios antes de se tornarem permanente e estrategicamente relevantes.

Como o grupo terrorista degolou dois jornalistas americanos diante de câmeras, Kissinger defende o uso da força contra o EIIL atacando-o pelo ar sem colocar soldados americanos em combate em terra. "Mas devemos ter objetivos estratégicos e frustrar qualquer meta que eles queiram atingir, o que podemos fazer com nossa superioridade aérea. Se conseguirmos alistar outros países, ou grupos locais para dar combate em terra, poderemos destruí-los."

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