O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal, acusa os países desenvolvidos de não responder adequadamente à catástrofe humanitária na República Democrática do Congo, ex-Zaire e ex-Congo Belga, que descreveu como uma das piores do mundo. Em entrevista ao jornal inglês Financial Times, afirmou ainda que historicamente o país sempre foi saqueado pelas grandes potências e suas empresas.
A ajuda internacional está muito abaixo das necessidades desse país enorme marcado pela instabilidade política e pela miséria generalizada. Nos últimos 10 anos, foi palco da chamada Primeira Guerra Mundial Africana, quando exércitos de seis países e diversos grupos irregulares travaram combates pelas riquezas do Congo.
Estima-se que a guerra matou de 3 a 4 milhões de pessoas neste país de cerca de 60 milhões de habitantes, explorado impiedosamente pelo rei Leopoldo II, da Bélgica, cenário de uma guerra civil pela independência (1960-64) e de uma ditadura cruel de Joseph Mobutu, aliado do Ocidente durante a Guerra Fria.
Em tese, a guerra civil acabou em 2003. Sob supervisão internacional, houve eleições em 2006, sem que o derrotado tenha aceitado o resultado.
Desde então, 800 mil pessoas fugiram de suas casas por causa do reinício da violência na província de Kivu do Norte, onde a violência generalizada inclui estupros, seqüestros e mutilação.
Ao contrário do Afeganistão, do Iraque e da Somália, argumenta Guterres, as grandes potências não vêem ameaças à sua segurança em decorrência da crise congolesa; "Mesmo que estejamos no meio de uma catástrofe humanitária, ninguém no exterior se sente ameaçado, então a comunidade internacional não dá atenção real à RDC. A comunidade internacional historicamente saqueou o Congo e isso não pode ser esquecido."
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Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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