Os acordos comerciais firmados anteontem, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Cuba, revelam uma expectativa do governo e de empresários brasileiros de que haverá uma abertura econômica na ilha depois da morte ou do afastamento definitivo de Fidel Castro.
"O aspecto comercial e econômico é uma aposta de Lula e dos empresários brasileiros de que muito em breve, quando se desenvolver mais a modesta mas continua abertura da economia de Cuba, e quando Fidel Castro não estiver mais no poder, as oportunidades vão se multiplicar para Brasil", declarou o embaixador José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Com valor de US$ 1 bilhão, os acordos prevêem o estabelecimento de marcos de cooperaão em diversas áreas, sobretudo no setor petrolífero, onde a Petrobrás dispõe da tecnologia mais avançada do mundo para exploração em águas profundas. A alta nos preços do petróleo viabiliza a exploração de áreas anteriormente antieconômicas.
Também devem ser construídas novas estradas em Cuba e serem feitos outros investimentos no setor de turismo.
"Lula busca preparar o terreno para investimentos de empresas públicas e privadas que esperam novas oportunidades em Cuba", explicou o embaixador Botafogo.
A Petrobras, fará prospecção e extração de petróleo em águas profundas no Golfo do México. Cuba tem uma zona econômica exclusiva no golfo, dividida em 59 áreas, onde também há investimentos da Índia, Noruega, Malásia, Canadá e Venezuela.
"Até os americanos já acenam para a abertura econômica em Cuba. [O pré-candidato democrata Barack] Obama está dispuesto a iniciar um diálogo com a ilha", comentou Botafogo Gonçalves.
Para os cubanos, o investimento brasileiro ajuda a diminui a crise, além de firmar a posição do país como segundo maior parceiro comercial de Cuba na América latina, atrás apenas da Venezuela de Hugo Chávez.
O comércio bilataral cresceu de US$ 117 milhões, em 2001, para US$ 453 milhões, em 2006.
Durante a visita, Lula declarou que Fidel está plenamente recuperado, em condições de saúde de reassumir todos os cargos de que se afastou em 31 de julho de 2006 para ser submetido a uma cirurgia de emergência. Mas o comandante e líder da revolução cubana admitiu que está muito fraco para falar em público.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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