O general Than Shwe, chefe da Junta Militar de Mianmar (ex-Birmânia), concordou em encontrar, sob condições, a líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, depois da onda de protestos liderados por monges budistas contra a ditadura que desgoverna o país há 45 anos, anunciou o enviado especial das Nações Unidas, Ibrahim Gambari.
As condições são duas:
• Suu Kyi deve parar de pedir sanções internacionais ao país; e
• deve convocar seus seguidos para que parem o que ditadura chama de "confrontação".
Para seus partidários no movimento pela democracia, isso equivale a assumir a responsabilidades por crimes que ela não cometeu, o que complica o encontro.
Centenas de pessoas podem ter sido mortas durante a violenta repressão. Depois da partida do enviado da ONU, o regime teria feito operações noturnas para prender opositores.
Suu Kyi, líder da Liga Nacional pela Democracia, venceu as eleições de 1990 mas não levou. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz 1991, mas não pôde recebê-lo. Passou 11 dos últimos 18 anos sob prisão domiciliar.
Na mídia oficial, Suu Kyi é responsável pelas manifestações, para confrontação com as forças de segurança e pelas mortes, é "um fantoche de interesses estrangeiros". Quando uma marcha de monges budistas chegou até sua casa, ela foi colocada numa prisão de verdade.
Os protestos começaram em 19 de agosto, quando um corte de subsídios provocou uma alta de até 500% nos preços dos combustíveis, com efeito sobre toda a economia, inclusive com aumento de 35% no óleo de cozinha.
Numa sociedade altamente controlada, onde há 20 anos uma onda de manifestações estudantis terminou com 3 mil mortes, os monges budistas lideraram o movimento. Quando a polícia deu tiros para o ar por sobre a cabeça dos monges budistas, que são pacifistas por vocação, a revolta cresceu até que os militares fecharam o país, cortaram a Internet e mataram centenas de manifestantes.
Gambari já voltou a Nova Iorque e fez um relato da situação ao secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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