Na batalha final pela Presidência da França, até a Revolução dos Estudantes, em maio de 1968, virou objeto de discórdia.
O candidato conservador, Nicolas Sarkozy, promete "liquidar maio de 68", como se o espírito dos anos rebeldes fosse responsável pelos problemas atuais. A socialista Ségolène Royal logo se levantou em defesa de um idealismo romântico que não se vê mais no mundo globalizado. Mas a palavra final cabe a Daniel Cohn-Bendit, Dani le rouge (Dani, o Vermelho), o líder da revolução.
Em entrevista ao jornal Le Monde, Cohn-Bendit, hoje deputado do partido Verde alemão (tem dupla nacionalidade) no Parlamento Europeu, acusou o ex-ministro do Interior de agir como um perfeito stalinista em relação a maio de 1968: "É a prova de que ele ousa dizer qualquer coisa, não importa o quê. Porque, afinal, quem estava na rua em maio de 1968? Não somente nós, os estudantes contestadores? Mais da metade da França estava em greve. É isso que Sarkozy não aceita. As palavras que ele usa são sintomáticas. Ele fala em "liquidar maio de 68". Comporta-se como um perfeito stalinista. Enquanto os franceses buscam se reconciliar, ele se dedica a exumar no final da campanha velhos rancores de 40 anos".
Sarkozy é o líder em todas as pesquisas para o segundo turno, a ser realizado no próximo domingo, 6 de maio, embora em algumas Ségolène esteja tecnicamente empatada, considerando-se a margem de erro da pesquisa.
Já os estudantes franceses protestaram no ano passado para manter o status quo, rejeitando a Lei do Primeiro Emprego, que facilitaria a rescisão do primeiro contratado de trabalho de jovens até 25 anos.
Um dos desafios de Sarkozy para impor seu programa econômico liberalizante será enfrentar os sindicatos. É esse o "maio de 68" que ele quer liquidar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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