Corrupção dá cadeia para deputado nos EUA

O ex-deputado federal pelo Partido Republicano Randy Cunningham, um piloto de guerra condecorado por sua atuação no Vietnã, foi condenado na sexta-feira a 8 anos e 4 meses de prisão. Ele confessou-se culpado de receber US$ 2,4 milhões como propina de duas empresas do setor de defesa que ajudou a fechar contratos com o governo. Terá ainda de devolver US$ 1,85 milhão pelo suborno recebido e pagar US$ 1,8 milhão por sonegação de impostos.

Na sentença, observando que também precisa sustentar sua família com um salário de funcionário público, o juiz distrital Larry Burns disse entender que o réu quisesse “as coisas boas da vida”. Mas assinalou que Cunningham “não estava molhado, não estava com frio nem estava com fome”.

A queda de Cunningham, eleito pela primeira vez em 1990, começou em junho de 2005, quando o jornal San Diego Union-Tribune noticiou que a empresa Wade comprara a casa do deputados por US$ 1,675, vendendo-a meses depois por apenas US$ 700 mil. Em novembro do ano passado, ele renunciou ao mandato.

Apesar da condenação, Cuningham terá direito a uma pensão como ex-congressista no valor de US$ 3 mil mensais, cerca de R$ 6,33 mil, ou seja muito menos do que os políticos brasileiros cassados por corrupção.

Esta é uma diferença fundamental no combate à corrupção. Aqui raramente um político vai para a cadeia por corrupção. Quando vai, não fica muito tempo. Nos EUA, tem de cumprir pena em regime fechado e ainda devolver o dinheiro que roubou. Aqui, como previu com falsa ironia o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o escândalo de compra de deputados pelo governo Lula, conhecido como mensalão, vai virar “piada de salão”.