O “cessar-fogo permanente” declarado há dois dias pelo grupo ultranacionalista basco ETA (Euskadi ta Askatasuna, que significa Pátria Basca e Liberdade), que entrou em vigor à zero hora desta sexta-feira, foi negociado com o governo da Espanha em Genebra, na Suíça, e Oslo, na Noruega. O governo espanhol exige garantias de que a ETA abandonou definitivamente a luta armada para iniciar um diálogo político.
Para o primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero, o cessar-fogo permanente é o começo do fim da ETA. Cerca de 80% dos espanhóis apóiam a abertura de negociações agora que a ETA anunciou uma trégua permanente.
Num segundo comunicado, o grupo terrorista pediu que os governos da Espanha e da França recebam positivamente o cessar-fogo e iniciem um processo de paz. Mas as negociações começaram muito antes.
Em agosto de 2004, quatro meses depois de chegar ao poder, o primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero recebeu uma carta da ETA enviada ao Palácio de La Moncloa. A partir daí, houve encontros em meados de 2005.
A decisão de abandonar a luta armada teria sido tomada em dezembro. Mesmo que o partido ligado à ETA, Batasuna, esteja na ilegalidade no momento, numa assembléia realizada no velódromo de Anoeta de San Sebastián, seu líder Arnaldo Otegi anunciou a decisão de lutar pacificamente pela independência do Pais Basco (Euskal Herria), reunindo quatro províncias da Espanha e três da França. Antes disso, houve anos três anos de contato entre os ultranacionalistas e os socialistas bascos.
Como aconteceu na Irlanda do Norte, o Sinn Féin, partido político do Exército Republicano Irlandês, que lutava contra o domínio britânico, aproximou-se primeiro do Partido Trabalhista e Social-Democrata e só depois dos partidos ingleses. Otegi iniciou o dialogo com Jesús Eguiguren, líder do Partido Socialista Basco.
Desde que começou sua luta contra a ditadura do generalísso Francisco Franco há 38 anos, a ETA declarou vários cessar-fogo, o primeiro em 1976, outro durante a Olimpíada de Barcelona, em 1992, e mais recentemente em 1998. Mas é a primeira vez que anuncia uma trégua definitiva.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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