Depois do fracasso de anos de negociações, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU, decidiu enviar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a questão envolvendo o programa nuclear do Irã. A república islâmica é acusada pelos Estados Unidos e por Israel de estar desenvolvendo armas atômicas, contrariando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
O Conselho de Segurança, órgão máximo da ONU, responsável pela manutenção da paz e da segurança internacionais, pode aplicar sanções econômicas ao Irã e até mesmo autorizar o uso da força. Mas a China e a Rússia, potências com direito de veto no Conselho de Segurança ao lado dos EUA, da França e do Reino Unido, relutam em aceitar sanções contra o Irã, temendo efeitos negativos para o mercado internacional de petróleo. É altamente improvável, quase impossível, que aprovem o uso da força.
Em uma última tentativa de solucionar pacificamente a crise, a Rússia se ofereceu para enriquecer urânio para o programa nuclear do Irã. Isto manteria sob controle russo o grau de enriquecimento do combustível nuclear, que precisa ser muito maior em bombas atômicas do que em usinas nucleares produtoras de energia para fins pacíficos. O Irã não aceitou, alegando o direito soberano de dominar o ciclo completo do urânio.
No relatório da AIEA, seu diretor-geral, Mohammed el-Baradei, ganhador do Prêmio Nobel 2005 junto com sua instituição, declarou que o Irã aumentou as atividades de enriquecimento de urânio. Também não está claro se o programa nuclear iraniano tem exclusivamente fins pacíficos, como alega o governo de Teerã, ou se visa a fabricar bombas atômicas, como suspeitam as grandes potências.
Para esquentar a situação, um delegado iraniano ameaçou: “Os EUA têm o poder de causar dor e sofrimento. Mas os EUA também estão sujeitos a dor e sofrimento. Então, se é este o caminho escolhido pelos EUA, deixa a bola rolar.” Os americanos responderam que a declaração demonstra a falta de responsabilidade do Irã para ter armas nucleares.
Se for alvo de sanções da ONU, o Irã acena com a ameaça de usar o petróleo como arma política, boicotando a venda para países que apoiarem a posição americana. O governo fundamentalista iraniano tem também muitos aliados radicais como o Partido de Deus xiita, no Líbano, e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Não teria maiores dificuldades em lançar uma contra-ofensiva terrorista.
No primeiro artigo publicado neste blog, em 21 de fevereiro, analisei os riscos de uma ação militar dos EUA ou de Israel contra o programa nuclear iraniano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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