A Coréia do Norte, país considerado pelo presidente americano George Walker Bush como parte de um “eixo do mal” ao lado do Irã, testou na quarta-feira, 8 de março, dois mísseis terra-ar de cerca de 100 quilômetros, perto da fronteira com a China.
“Há indicações de que a Coréia do Norte testou dois mísseis de curto alcance”, comentou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. “O regime fez testes similares no passado.”
Os Estados Unidos consideram os programas de armas nucleares e de mísseis da Coréia do Norte uma preocupação e uma ameaça à estabilidade do Leste da Ásia, região que mais cresce economicamente no mundo. Só que a Coréia do Norte, que conserva o último regime stalinista do planeta, está fora desta onda capitalista.
Nos últimos anos, os norte-coreanos enfrentaram escassez e fomes terríveis encobertas pela propaganda oficial comunista, que prega a auto-suficiência e a independência em relação ao exterior.
A Coréia do Norte iniciou a Guerra da Coréia (1950-55) ao invadir o Sul em 25 de junho de 1950. Com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estavam sendo boicotas pela União Soviética por causa da exclusão da China comunista, os EUA tentaram reunificar a península coreana.
Com a intervenção do Exército Popular da China, os americanos foram empurrados de novo para baixo do paralelo 38º Norte, restabelecendo-se a fronteira anterior à guerra. Até hoje a Coréia do Norte não assinou um tratado de paz. Mantém contatos com a Coréia do Sul mas acusa-a de ter um governo fantoche dos EUA, insistindo assim em negociações diretas com os americanos.
Desde os anos 90, com o colapso do comunismo e o fim da União Soviética, o regime norte-coreano ficou isolado. Faz então uma chantagem atômica, aparentemente mais para obter ajuda econômica para enfrentar sua grave crise interna. Mas de um regime tão fechado e tão instável à beira do colapso, pode-se esperar uma reação violenta.
Neste caso, os EUA fizeram uma clara opção pela diplomacia: “Acreditamos que o grupo de negociações de seis países (EUA, China, Rússia, Japão, Coréia do Norte e Coréia do Sul) é o melhor caminho para fazer a Coréia do Norte abandonar suas ambições nucleares e lidar com a ameaça representada por seus mísseis”.
Em seu eterno jogo duplo, o governo de Pionguiangue retirou-se das negociações mas enviou um representante a Nova Iorque para negociar com os EUA na ONU. Ele apontou caminhos para resolver a crise mas disse que seu país continua fora das negociações.
A Coréia do Norte testou, em maio do ano passado, um míssil de curto alcance cuja importância foi minimizada pelos países vizinhos e por Washington. Mas o comando militar americano na Coréia do Sul alerta que o regime norte-coreano está preparando-se para testar mísseis de médio alcance capazes de atingir bases dos EUA em Okinawa, no Japão, e na ilha de Guam, e talvez até o Alasca.
Além de intensificar as atividades de sua indústria bélicas, os EUA suspeitam que por causa da crise econômica os norte-coreanos estejam dispostos a vender armas e tecnologia militar a qualquer um.
Os especialistas acreditam que a Coréia do Norte retirou de seus reatores nucleares uma quantidade de plutônio suficiente para seis bombas atômicas. Com todas as atenções voltadas para o programa nuclear do Irã, a outra ponta do “eixo do mal” de Bush apressa-se em fazer a bomba.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário