O aumento da participação feminina na atividade empresarial favorece o desenvolvimento econômico e o progresso social. A conclusão é de um relatório sobre o empreendorismo da mulher, publicado pelo Monitor Global do Empreendedorismo, com base em pesquisas em 35 países, inclusive o Brasil.
A participação feminina é maior nos países de renda média e nas classes médias, onde a mulher sente necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar. Mas também é menor a sobrevivência das empresas lideradas por mulheres nestes países. Quase metade das empresárias não concluiu o segundo grau.
Como dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres (600 milhões), o que não deve se alterar significativamente nos próximos 20 anos, o desnível educacional também ajuda a explicar a disparidade entre os sexo no mundo dos negócios. Se a diferença entre novas empresas de homens e de mulheres é de 25,6%, a distância sobe para 59,1% para empresas estabelecidas.
É claro que o país e o contexto social são determinantes no sucesso empresarial das mulheres. O papel das instituições e das políticas públicas é decisivo. Há uma correlação direta entre renda familiar e nível educacional. Famílias com maior renda tem maior tendência a criar empresas.
Na maioria dos casos, a mulher empresária tem entre 25 e 44 anos, espera forte concorrência e já trabalhou como empregada, tendo acesso a recursos, idéias e capital que a levam a criar seu próprio negócio, muitas vezes orientado para o consumo final, especialmente no setor de serviços.
Uma das questões é se o empreendedorismo surge da necessidade ou da percepção de que há boas oportunidades. De modo geral, predominam as oportunidades mas, no Brasil, a divisão foi quase meio a meio. Homens e mulheres empresários tendem a ser mais autoconfiantes e conhecer outros empresários. Isto lhes ajuda a identificar melhor as oportunidades de negócios.
Das mulheres que criaram empresas por necessidade em países de renda média, 43% expressaram medo da falência. Assim como o risco, a expectativa de crescimento é bem maior nos países de renda média do que nos ricos. Começando de baixo, tem mais chance de se modernizar e incorporar novas tecnologias.
No Brasil, 15% dos homens e 11% das mulheres participam de novos empreendimentos. Pouco mais de 13% dos homens e 7% das mulheres são donos de empresas estabelecidas. Somando os índices, 28% dos brasileiros e 18% das brasileiras são empresários. A sobrevivência das empresas masculinas é maior.
A Venezuela (23,8%) e a Tailândia (19,3%) apresentaram os mais altos índices de empreendedorismo feminino em novos negócios, acima do masculino, em contraste com o Japão (2,1%) e a Holanda (1,2%), que mostram as taxas mais baixas. Isto indica que em países ricos e estáveis há menor estímulo para as mulheres entrarem na atividade empresarial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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