Há uma retomada desde 2004 do investimento árabe nos Estados Unidos, depois do refluxo provocado pelos atentados de 11 de setembro de 2001. O dinheiro aplicado por árabes na compra de empresas americanas caiu de cerca de US$ 300 milhões em 2000 para US$ 200 milhões em 2001. Subiu para US$ 350 milhões em 2002 mas foi de apenas US$ 50 milhões em 2003, ano da invasão do Iraque. Já em 2004 atingiu US$ 1,2 bilhão, quase o dobro dos US$ 654 milhões de 2005.
Entre estes negócios está a aquisição de uma empresa britânica que administra seis portos importantes (Nova Iorque, Nova Orleans, Baltimore, Filadélfia, Miami e Newark) por uma companhia de Dubai, um dos Emirados Árabes Unidos. A transação está sendo contestada no Congresso por supostos riscos à segurança nacional, já que uma companhia árabe controlaria portos tão importantes. Também está sendo examinado pelo governo americano o investimento em industrias de Connecticut e da Geórgia que fabricam componentes para tanques e aviões de guerra.
O emir de Dubai, Mohammed ben Rachid al-Maktum, o Xeque Mo, é um dos principais investidores. Gastou US$ 1 bilhão comprando 21 mil apartamentos e outro bilhão em 2,2% das ações da Daimler-Chrysler e um apartamento em Manhattan (230 Park Avenue). Mohammed também pagou US$, 1,5 bilhão de seus petrodólares pelos museus de cera de Madame Tussaud.
Se por um lado, com o petróleo a mais de US$ 60 dólares por barril, os exportadores estão nadando em dinheiro, do outro, os EUA precisam de capital estrangeiro para cobrir o rombo de seu déficit comercial, que atingiu US$ 726 bilhões em 2005.
O investimento direto estrangeiro, aquele que significa novas fábricas ou aumento da produção, é geralmente considerado melhor para um pais do que as aplicações em ações, bônus e títulos, que podem ser vendidos rapidamente ao primeiro sinal de crise. A contrapartida é que o controle sobre empresas passa para estrangeiros, o que pode ter implicações para a segurança nacional.
“O preço do petróleo está indo apenas numa direção, para cima, e deve continuar assim nos próximos cinco anos, porque é o tempo mínimo para que surjam alternativas”, observa Youssef Ibrahim, diretor administrativo do Strategic Energy Investment Group, uma empresa de Dubai, no jornal americano The Washington Post. “Então não há dúvida de que os bilhões de petrodólares continuarão entrando e não há como manter todo este dinheiro aqui. E os EUA ainda são o principal mercado.”
De 2000 a 2005, os exportadores de petróleo do Oriente Médio acumularam um saldo comercial de US$ 500 bilhões. Neste ano, devem chegar perto de US$ 800 bilhões.
Mas a guerra contra o terrorismo e a suspeição generalizada contra árabes desde 11 de setembro de 2001, torna alguns investidores arredios em relação ao mercado americano. Logo após os atentados, houve medo que ativos sauditas fossem seqüestrados pela Justiça para pagar ações de indenização.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário