Primeira mulher eleita presidente na América do Sul, Michelle Bachelet assumiu neste sábado a presidência do Chile, diante de representantes de 120 países, para um mandato de quatro anos.
Médica, separada, mãe solteira e socialista, sua eleição em segundo turno em 15 de janeiro passado foi vista como um grande avanço num pais considerado machista. Presa política e exilada durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90), ela foi ministra da Defesa e da Saúde no governo Ricardo Lagos, ajudando a promover a reconciliação entre militares e civis.
No governo, Bachelet deve manter a linha pragmática e realista adotada pelo Partido Socialista desde que formou a Concertación com o Partido Democrata-Cristão e outras 14 agremiações políticas para derrubar Pinochet. Em 1988, esta ampla coalizão venceu um plebiscito contra o general. Em 1989, o democrata-cristão Patrício Aylwin venceu o candidato da ditadura e, em 1990, acabava o regime militar, acusado por mais de 3 mil mortes e desaparecimento de pessoas.
Sob Pinochet, a ferro e fogo, o Chile realizou uma série de reformas econômicas liberalizantes que estimularam o crescimento do país. Os governos civis que o seguiram mantiveram a política macroeconômica, investindo em políticas sociais para minimizar os efeitos perversos do neoliberalismo à Pinochet.
Hoje o Chile tem a maior renda média por habitante da América Latina, de cerca de US$ 10 mil. Ainda é uma sociedade desigual mas o índice de pobreza caiu para 14%. Bachelet deve manter a linha pragmática do socialismo chileno, identificando-se mais com as políticas dos presidentes Lula e Tabaré Vasquez, do Uruguai, do que com o neopopulismo do líder venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales. Mas espera-se que dê maior ênfase a políticas sociais, sobretudo de promoção da mulher.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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