Diante de uma queda de popularidade que só o deixa acima de Richard Nixon durante o escândalo de Watergate, o atual presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, pediu ao povo americano paciência em relação ao Iraque ao mesmo tempo em que ameaçou o Irã, que acusa de desenvolver armas nucleares. Se o apoio a Bush caiu para 34% a 37%, dependendo da pesquisa, sobretudo por causa dos problemas da invasão do Iraque, a perspectiva de outra guerra não vai reduzir sua crescente impopularidade. Pior ainda está o vice-presidente Dick Cheney. Só 18% aprovam sua atuação.
Hoje, 60% dos americanos desaprovam o desempenho de Bush. Há dois anos, 79% acreditavam em vitória no Iraque; na semana passada, somente 22%, enquanto 41% a consideravam improvável. A maioria dos americanos e, mais grave ainda, a maioria dos soldados americanos quer a retirada imediata das tropas dos EUA do Iraque.
Bush sabe que será julgado pelo resultado da intervenção no Iraque. Ele defendeu a invasão lançada há três anos: “Gostaria de lhes dizer que a violência está acabando e que o caminho à frente será suave”, disse o presidente ao vivo na televisão na segunda-feira, 13 de março, quando houve pelo menos 70 mortes violentas em Bagdá.
“Haverá mais dias de combate e mais dias de luta, e veremos mais imagens de caos e carnificina nos próximos dias e meses”, acrescentou, fugindo do tom otimista. Há 10 meses, o vice Dick Cheney dissera que “a insurgência está nos seus últimos suspiros”.
O presidente admitiu que o maior problema é a violência sectária entre xiitas e sunitas, e pediu a formação de um governo de unidade nacional. Usou duas vezes a expressão guerra civil para afirmar que este é o objetivo dos inimigos da democratização do Iraque. Citou o ataque à Mesquita Dourada de Samarra, em 22 de fevereiro, como “uma clara tentativa de deflagrar uma guerra civil”. E anunciou uma transição, prometendo que até o final do ano as forças de segurança iraquianas assumiram o controle da maioria do território do país.
Para justificar a invasão e a manutenção das tropas americanas no Iraque, mesmo falando da vitória, o presidente dos EUA analisou as conseqüências de uma derrota: “O inimigo emergirá do Iraque fortalecido ou derrotado. Há muito em jogo. Ao ajudar o Iraque a construir uma democracia, ganhamos um aliado na guerra contra o terror. Ao ajudar o Iraque a construir uma democracia, damos inspirações aos reformistas em todo o Oriente Médio. Ao ajudar o Iraque a construir uma democracia, levamos esperança a uma região problemática, e isto torna os EUA mais seguros em longo prazo”.
É o mesmo discurso dos neoconservadores usado no primeiro governo Bush para justificar a guerra. Não convence mais nem a direita republicana mais pragmática e menos ideológica.
Os americanos não estão vivendo sob a Síndrome do Iraque e o fantasma de uma Síndrome do Irã é ainda mais assustador, dado o radicalismo do regime fundamentalista iraniano, capaz de mobilizar terroristas como retaliação contra qualquer ação armada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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