No estilo agressivo que o caracteriza, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, deu uma dura resposta à França, que criticou a estatização da companhia de águas e esgotos Aguas Argentinas. A companhia estava sob o controle do grupo francês Suez por força de um contrato de 30 anos, anulado na quarta-feira, 21 de março, pelo presidente argentino. A Suez ameaçara romper o contrato por causa do congelamento de tarifas imposto por Kirchner.
A França pedira garantias para a saída da Suez da Argentina.
“Não estou disposto, para que nos visite um presidente, que se permita a contaminação das águas”, atacou Kirchner. O presidente francês, Jacques Chirac, tem viagem programa para a América Latina em abril. Ele vem ao Brasil, vai ao Uruguai e ao Chile mas não incluiu a Argentina no roteiro.
O governo argentino aumentou o cerco sobre a Suez. O defensor público Eduardo Mondino pediu à Justiça o bloqueio e indisponibilidade dos bens, pesos, moedas estrangeiras, bônus, ações e qualquer outra coisa do grupo francês depositados na Argentina. E o procurador Carlos Guillermo Daneri pediu à Justiça Federal que impeça a saída do pais dos diretores da empresas por causa de uma denúncia por “altíssimo nível de nitratos”, feita pelo prefeito de Lomas de Zamora, na Grande Buenos Aires.
“Não estou disposto a permitir que milhões de argentinos fiquem sem água, como se fosse inatingível”, justificou-se o presidente Kirchner. “Queremos que venha muito investimento mas precisamos resguardar os direitos da população.”
Já o defensor público disse ter agido para “salvaguardar os interesses dos cidadãos prejudicados por Aguas Argentinas, tanto no processo iniciado por falta de pressão da água como as denúncias de cobrança irregular e por serviços não prestados, e danos a propriedades”.
A bancada kirchnerista na Câmara de Deputados manifestou a intenção de aprovar até quarta-feira, 29 de março, os decretos de rescisão do contrato das Aguas Argentinas e da criação da nova companhia estatal de águas e esgotos para lhes dar força de lei.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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