quinta-feira, 16 de março de 2006

Mais de 250 mil protestam contra lei do primeiro emprego na França

Cresce a onda de manifestações convocadas por sindicatos e pelo movimento estudantil contra a nova lei do primeiro emprego aprovada na França, que permite demissão sem justa causa nos dois primeiros anos de contrato de trabalho. Mais de 250 mil pessoas, 500 mil segundo os organizadores, em sua maioria estudantes, marcharam hoje nas ruas de 80 cidades francesas e entraram em choque com a polícia em várias. Segundo a União Nacional dos Estudantes da França, 64 das 84 universidades do país estão em greve. A mobilização deve ser ainda maior no sábado, quando trabalhadores que não puderam participar hoje estarão de folga.

O objetivo do governo conservador é diminuir o desemprego entre jovens, que é de 23%, chegando a 40% entre minorias étnicas, bem acima da média nacional, de 9,7%. Mas estudantes e sindicalistas alegam que ela será usada para substituir assalariados com maior estabilidade por jovens com contratos precários. De acordo com pesquisa divulgada pelo jornal Le Parisien, 68% dos franceses são favoráveis à revogação da lei

O primeiro-ministro Dominique de Villepin apresentou o projeto como resposta aos distúrbios de outubro e novembro, quando jovens de origem estrangeira da periferia incendiaram milhares de automóveis em protesto contra a violência e a arbitrariedade da polícia. Villepin disse estar “aberto ao diálogo, no marco da lei, para melhor o contrato do primeiro emprego”.

Em Paris, houve um confronto violento com a polícia que lembrou a Revolução dos Estudantes de maio de 1968. Cerca de 100 jovens de bicicleta tentaram bloquear ruas ao redor do Museu do Louvre para reclamar contra a redução do número de professores de educação física.

Também houve manifestações importantes em Marselha, Grenoble, Rennes, Toulouse e Bordeaux. A Universidade de Toulouse foi fechada depois de conflito entre estudantes que queriam fechá-la e os que pretendiam mantê-la aberta. Em Rennes, cerca de 100 estudantes ocuparam a Prefeitura Municipal. A Universidade de Rennes está fechada há seis semanas por causa dos protestos.

O presidente Jacques Chirac fez um apelo ao diálogo entre ministros, sindicalistas e estudantes. A oposição socialista prometeu apresentar um projeto alternativo.

Como a lei do primeiro emprego já foi aprovada pela Assembléia Nacional, revogá-la agora seria uma tremenda derrota política para o governo e para as ambições presidenciais do primeiro-ministro nas eleições de 2007. “Villepin, você está queimado. Os estudantes estão nas ruas”, gritavam os manifestantes.

Apesar do baixo crescimento econômico, 39 empresas francesas que compõem o índice CAC40, da Bolsa de Paris, apresentaram lucros recordes de 84 bilhões de euros em 2005, um aumento de 30% em relação a 2004.

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