O déficit em conta corrente recorde dos Estados Unidos em 2005, de US$ 805 bilhões, 6,4% do formidável produto interno bruto americano, de mais de US$ 12 trilhões, provocou inquietações a respeito do dólar. E o novo presidente do Federal Reserve Board (Fed), o banco central americano, Ben Bernanke, advertiu que o financiamento do déficit público federal pode exigir aumento de impostos.
Há ainda um terceiro déficit da economia americana, o déficit doméstico. Os americanos gastam mais do que ganham, então há uma poupança negativa que exige financiamento. Se o dólar for abalado significativamente, a economia dos EUA pode se tornar menos atraente para os investidores.
A realidade é que “um déficit em conta corrente desta magnitude sem precedentes é insustentável e não há esperança de que possa ser removido sem dor apenas com aumento de exportações”, declarou ao jornal inglês Financial Times o economista Paul Ashworth, analista da Capital Economics.
Hoje as exportações equivalem a 10,5% do PIB dos EUA. Precisariam chegar a 70%. “Claro que isto não vai acontecer”, acrescentou Ashworth. O equilíbrio vai exigir “uma grande desvalorização do dólar e uma demanda muito menor por importados”, com impacto sobre toda a economia mundial. Nos últimos anos, o crescimento mundial tem sido sustentado pelo consumo americano e pela expansão da Ásia, sobretudo da China.
Desde o início do ano, o dólar caiu 3,5%. No ano passado, beneficiou-se das baixas taxas de juros na Europa e no Japão. Em 2006, elas estão subindo.
Nos EUA, a expectativa do mercado é que o Fed aumente a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de 27-28 de março, a primeira presidida por Bernanke, e para 5% em 10 de maio. Os economistas do banco central americano esperam forte crescimento da economia no primeiro semestre do ano, em parte por causa da reconstrução pós-furacões e menos no segundo semestre, quando o mercado imobiliário tende a esfriar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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