Mais de 10 mil pessoas saíram ontem às ruas de Minsk, capital da Bielorrússia, para denunciar fraude na eleição presidencial e pedir a realização de nova eleição. O presidente Alexander Lukachenko foi declarado vencedor com 82,3% contra 6% do candidato da oposição, Alexander Milinkevitch, um resultado que lembra as eleições da era soviética.
Será o terceiro mandato consecutivo de Lukachenko, que chegou ao poder em 1994 nesta país de 10 milhões de habitantes. Desde então, governa com mão de ferro, no estilo stalinista, reprimindo a imprensa e a oposição, espionando a vida dos cidadãos com uma polícia política que ainda tem o nome do velho KGB (Comitê de Defesa do Estado) da extinta União Soviética.
Por ironia do destino, a URSS acabou em Minsk em 8 de dezembro de 1991, quando as três repúblicas que formavam o núcleo eslavo da superpotência comunista Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, decidiram se separar. O stalinismo renasceu lá e sobrevive lá até hoje, mesmo depois da morte do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic, que já foi apontado como o último stalinista da Europa.
Antes mesmo do anúncio oficial, os oposicionistas se reuniram na Praça Outubro, enfrentando temperaturas abaixo de zero, para denunciar fraude e os métodos autoritários dos 12 anos de governo Lukachenko.
"Conquistaremos a liberdade", bragou Milikevitch. "Nossa luta é sagrada. A liberdade vai vencer. A Bielorrússia vai vencer."
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) disse que as eleições não foram limpas. Os EUA declaram o resultado inválido e pediram a realização de novo pleito mas a União Européia limitou-se a protestar diplomaticamente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário