Cerca de 80% dos americanos temem que o conflito entre árabes sunitas e árabes xiitas provoque uma guerra civil no Iraque, Mais da metade quer a retirada dos soldados dos Estados Unidos do país invadido em 2003. É o que revela uma pesquisa do jornal The Washington Post com a rede de televisão ABC. Outra pesquisa indica que a popularidade do presidente George Walker Bush caiu para 38%, apenas um ponto percentual de sua avaliação mais baixa.
Mais de 70% dos republicanos, do partido do presidente, e mais de 80% dos eleitores da oposição democrata consideram “muito provável” que a atual situação de caos e anarquia no Iraque, com dezenas de mortes todos os dias, degenere numa guerra civil aberta.
Diante desta violência sem fim, 52% dos americanos querem a retirada dos EUA do país invadido. Quase 17% exigem a volta imediata das tropas americanas do Iraque, enquanto 33% preferem uma saída gradual.
Dois terços dos mil entrevistados na pesquisa duvidam que o governo Bush tenha uma estratégia adequada para o Iraque, o maior índice desde a invasão, em março de 2003. Uma parcela maior ainda, de 70%, também não acredita que os democratas tenham um plano viável para resolver o problema criado pela intervenção militar americana.
Os americanos estão divididos quanto às perspectivas de sucesso do projeto americano de democratizar o Iraque: 49% acham que podem dar certo, enquanto 48% não acreditam nele.
A piora na situação no Iraque afeta diretamente a popularidade de Bush, mesmo que os democratas ainda não tenham encontrado a maneira de se beneficiar disso nas eleições de meio do mandato presidencial, em novembro.
No domingo, 5 de março, o jornal conservador inglês The Sunday Telegraph afirmou que os soldados americanos e britânicos seriam retirados do Iraque em 2007. Imediatamente os EUA desmentiram a notícia como sem qualquer fundamento. Na terça-feira, The Daily Telegraph publicou declarações do general Nick Houghton, comandante das forças britânicas no Iraque, garantindo que a retirada será concluída até setembro de 2008.
Para os EUA, marcar data sem derrotar a insurgência e o terrorismo pós-invasão seria o equivalente a admitir a derrota. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, bem mais humilde do que no primeiro governo Bush, disse que a solução do problema iraquiano é uma questão de tempo.
Rumsfeld tentou minimizar a importância da onda de violência desatada pelo ataque à Mesquita Dourada de Samarra, um dos mais importantes santuários xiitas, em 22 de fevereiro. Mas o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, confessou seu próprio medo de uma guerra civil no país, dizendo que a invasão americana abriu "uma caixa de Pandora e a questão agora é como sair dela".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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