terça-feira, 14 de março de 2006

Palestinos querem governo de união nacional

Uma ampla maioria de palestinos (87,7%) é a favor da formação de um governo de união nacional. Mas só pouco mais da metade (54,7%) quer que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), partido fundamentalista que venceu as eleições de 25 de janeiro, reconheça Israel e condiciona este reconhecimento à retirada israelense dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A televisão israelense revelou que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahomoud Abbas, encontrou-se secretamente com o ex-primeiro-ministro Shimon Peres, com o apoio do primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert.

Cerca de 75% dos 1.361 entrevistados na pesquisa realizada pela Universidade An-Najar, de Nablus, na Cisjordânia, são contra a formação de um governo só do Hamas, que obteve maioria absoluta no parlamento (74 das 132 cadeiras). Quase 35% não acreditam que o Hamas deva respeitar os acordos firmados com Israel por governos palestinos anteriores.

Quanto às prioridades para o novo governo, 83% citaram a necessidade de libertar os palestinos presos por israel, enquanto 81,4% consideraram outra tarefa importante garantir a segurança pública nos territórios palestinos. A expectativa é otimista: 78% esperam que o novo governo combata a corrupção endêmica e 65,% que a situação econômica melhore. Cerca de 72% confiam em que o novo governo respeitará os direitos humanos e 68% que haverá liberdade de expressão.

HAMAS NEGOCIA COM OLP
O Hamas está negociando com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) mas os dois grupos se enfrentaram na abertura do Conselho Nacional Palestino, quando os fundamentalistas retiraram os poderes do presidente aprovados no final de legislatura anterior, depois das eleições. Abbas deu mais duas semanas para o Hamas formar o governo, até 28 de março, por coincidência a data das eleições em Israel.

Na cidade de Gaza, o líder da bancada parlamentar do Hamas, Mahmud al-Zahar, recebeu Majed Abu Shammaleh, da Fatah, principal partido da OLP, e representantes dos grupos de esquerda Frente Democrática de Libertação da Palestina, Frente Popular de Libertação da Palestina e Partido Popular Palestino. O primeiro-ministro designado pelo Hamas, Ismail Haniyya, também participou do encontro.

Os Estados Unidos estariam pressionando a Fatah a não formar governo com o Hamas, se os fundamentalistas não renunciarem à luta armada e não reconhecerem Israel, como exige o Quarteto (EUA, Rússia, União Européia e Nações Unidas) que tenta negociar a paz no Oriente Médio. Mas o negociador palestino Said Erekat minimizou o peso das pressões americanas.

Enquanto isso, o primeiro-ministro israelense apresentou aos EUA seu plano para uma retirada unilateral de parted a Cisjordânia até 2010, se não houver progresso nas negociações de paz com um governo palestino sob a liderança do Hamas, O líder da oposição direita, o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, declarou que as eleições de 28 de março serão um plebiscito sobre sobre o futuro de Israel e a presença israelense na Cisjordânia.

UE CONDICIONA AJUDA
A UE liberou uma ajuda de 120 milhões de euros (US$ 143 milhões) para o governo interino palestino e reiterou que não dará dinheiro para um governo do Hamas, que considera um grupo terrorista. Como Israel nega a transferir para o Hamas os US$ 50 milhões de guerra que arrecada com impostos pagos pelos palestinos, a ANP enfrenta uma crise financeira.

Sem querer ceder às pressões do Ocidente, o Hamas procura ajuda entre os países árabes e muçulmanos. Uma delegação liderada pelo líder máximo do movimento, Khaled Mechal, foi recebido por clérigos radicais na Arábia Saudita, onde tinha encontro marcado com o líder da Organização da Conferência Islâmica.

A cada ano, os sauditas doam US$ 500 milhões aos palestinos, sendo US$ 150 milhões de fontes privadas. O ministro do Exterior saudita, Saud al-Faiçal, rejeitou a pressão da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, para isolar o Hamas.

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