A Câmara Municipal de Buenos Aires destituiu na noite de 7 de março o prefeito da capital argentina, Anibal Ibarra, por sua responsabilidade no incêndio na discoteca Cromagnon, que matou 194 pessoas e deixou mais de 400 outras feridas, quase todas jovens, em 30 de dezembro de 2004. O prefeito deposto acusou a oposição de golpe e de manipulação de uma tragédia, e prometeu recorrer.
Ibarra, eleito em 1999 e reeleito em 2003 pela Frente Pais Solidário (Frepaso), é de esquerda e aliado do presidente Nestor Kirchner. O ex-presidente Raúl Alfonsín, da ala esquerdista e nacionalista da centrista União Cívica Radical, afirmou que a destituição de Ibarra “cria um péssimo precedente”.
Depois do incêndio da discoteca, Ibarra foi acusado de tolerar ou ignorar a falta de fiscalização das diversões públicas na cidade de Buenos Aires. O processo de impeachment do prefeito foi aberto em 14 de novembro de 2005.
Agora, em 7 de março, durante uma sessão de mais de três horas, dos 15 membros da comissão, 10 votaram a favor da destituição de Ibarra, quatro contra e um se absteve.
No final, nem Kirchner, que garantira sua reeleição para prefeito de Buenos Aires em 2003, sabia o que fazer com Ibarra: um kirchnerista votou a favor do prefeito, outro contra e o terceiro se absteve. Havia um pedido para cassar os direitos políticos de Ibarra por 10 anos mas ele não foi aprovado.
O ex-prefeito denunciou que “o processo foi marcado pelo medo, pelas ameaças e pela violência” e pediu que “nunca mais se faça a manipulação política de uma tragédia”. Mas na análise do jornal argentino La Nación o que derrubou Ibarra foi a mediocridade de seu governo. Nas ruas, a população de Buenos Aires estava indiferente ao processo. Se tivesse apoio popular, não cairia num julgamento político.
O vice-prefeito Jorge Telerman vai concluir o mandato até 2007, quando a oposição de centro-direita liderada pelo empresário e ex-candidato a presidente Mauricio Macri, animada pela vitória sobre Ibarra, pretende reconquistar o governo da capital da Argentina.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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